30 de julho de 2021 | 16h42
TRÍPOLI - Saif al-Islam Kadafi, filho do ex-ditador líbio Muamar Kadafi, afirmou que quer restaurar a unidade perdida da Líbia após uma década de caos e abre a porta para ser candidato à presidência, declarou em uma entrevista ao jornal americano The New York Times.
"Os políticos líbios não trouxeram nada além de miséria. Chegou a hora de voltar ao passado. O país está em frangalhos, não há dinheiro, não há segurança. Aqui não há vida", afirmou Saif al-Islam, de 49 anos. É a primeira vez que aparece publicamente em quatro anos.
Em 2011, uma revolta popular tirou Muamar Kadafi do poder depois de quatro décadas. Seus colaboradores e parentes morreram, foram presos ou se viram obrigados a partir para o exílio.
Três dos filhos de Kadafi morreram, mas o destino do quarto, Saif al-Islam, que durante muito tempo foi considerado o sucessor de seu pai, continua sendo um mistério.
Um grupo armado o capturou em novembro de 2011 em Zenten, no noroeste da Líbia, e em 2015 ele foi condenado à morte. Mas o grupo se recusou a entregá-lo às autoridades do Tribunal Penal Internacional (TPI), que o procura por crimes contra a humanidade. Em 2017, foi libertado e, desde então, desapareceu.
Em seu primeiro encontro com um jornalista estrangeiro em uma década, Saif al-Islam afirmou que é um homem livre e que está organizando seu retorno à política. Não disse como.
Decepcionados com a revolução, os rebeldes que o capturaram perceberam que ele poderia ser um aliado poderoso, como acrescentou na longa entrevista ao New York Times.
Depois de uma década de luta pelo poder em meio a interferências estrangeiras, a Líbia é governada desde março por um governo provisório que se propõe a unir as instituições antes das eleições legislativas e presidenciais previstas para dezembro.
Uma possível candidatura de Saif al-Islam tropeça em problemas: sua condenação por um tribunal líbio e a ordem de detenção do TPI. Ele está convencido de que essas questões jurídicas poderiam ser negociadas se a maioria do povo líbio o eleger como líder, escreve o New York Times./AFP
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