18 de abril de 2012 | 03h06
Como neto de heróis revolucionários, Bo Guagua desfrutou do prestígio e dos privilégios que acompanham os membros da aristocracia na China. Depois de uma infância mimada nos complexos murados da capital chinesa, ele foi enviado para estudar na Grã-Bretanha, onde sua reputação era de bon vivant, indiferente à vida acadêmica, com uma queda por carros esportivos europeus, viagens aéreas em primeira classe, esportes equestres e tango.
A ostentação, muito comentada em fofocas na mídia social na China nos últimos anos, tornou-se mais um motivo de preocupação para seu pai, Bo Xilai, que enfrenta acusações de corrupção e de abuso de poder, e para sua mãe, Gu Kailai, acusada de assassinato de um empresário britânico próximo do jovem.
Embora pessoas ligadas ao Partido Comunista afirmem que a administração populista de Bo Xilai em Chongqing acabou por derrubá-lo, o estilo de vida luxuoso de Bo Guagua irritou os líderes do partido, que nomearam o filho de 24 anos, estudante em Harvard, no documento oficial em que descrevem as razões para a destituição de seu pai.
"Se você é discreto, eles o olham de outra maneira", disse um ex-funcionário do governo chinês. "O comportamento de Bo Guagua foi chocante pelos padrões: urinar numa cerca em Oxford, beijar garotas estrangeiras - tudo foi visto com maus olhos na China."
Bo Guagua estava ligado a Neil Heywood, cuja morte misteriosa num quarto de hotel em Chongqing, em novembro, provocou uma revolução política no partido que não se observava havia décadas.
Heywood seria o mentor do adolescente e, posteriormente, ajudou-o a entrar na escola de elite Harrow, em Londres. Não se sabe ao certo o quão próximos estavam os dois, mas a mídia estatal chinesa sugere que havia interesses comerciais envolvidos e um "conflito" que levou sua mãe a cometer assassinato.
Amigos negam que Bo Guagua, que no último ano voi visto em uma Ferrari e um Porsche, seja um playboy ou um mau aluno e o descrevem como uma pessoa generosa. Ele está sempre pronto para pagar a conta do bar e distribuiu entradas para a Olimpíada de Pequim em 2008. "Sua preocupação com a China e seu povo é muito enraizada e real", disse um amigo na China que sempre se encontra com ele. "É um grande pensador. Quando fica embriagado, fala sobre coisas importantes." / NYT
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