Filhos de Kadafi dão declarações contraditórias

Saif al-Islam promete contra-atacar e Saadi diz que pode se render para conter mortes

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Por Andrei Netto
Atualização:

TRÍPOLI - A família de Muamar Kadafi voltou à tona ontem - mas desta vez desunida. Foragidos de Trípoli desde a invasão rebelde, há dez dias, Saif al-Islam e Saadi deram entrevistas contraditórias a duas emissoras árabes. Saif anunciou a intenção de resistir ao cerco de Sirte e de contra-atacar a capital e "libertar a Praça Verde" com a ajuda de 20 mil homens. Saadi admitiu a hipótese de se render para evitar mais banho de sangue na Líbia.

 

 

As entrevistas foram veiculadas no final da tarde de ontem. Saif falou à emissora Arrai, de Damasco, e não poupou ameaças à revolução que expulsou a família Kadafi de Trípoli. Referindo-se ao cerco de Sirte, a terra natal do ex-ditador, Saif desdenhou do ultimado dado pelo Conselho Nacional de Transição (CNT) às tropas fiéis ao regime, que devem se render até o sábado para evitar uma invasão. Saif prometeu: "Eles (os rebeldes) são bem-vindos se creem que a batalha de Sirte será um simples passeio. Temos 20 mil homens armados que estão na cidade, prontos para a luta", garantiu.

Segundo Saif, o regime Kadafi não acabou, apesar da ampla dominação dos rebeldes em Trípoli. Ele afirma estar nos subúrbios da capital e prometeu retornar com o apoio das tropas leais: "Queremos tranquilizar o povo líbio: continuamos aqui, a resistência continua e a vitória está próxima". "Cada líbio é Muamar Kadafi, cada líbio é Saif al-Islam. Quando você se deparar com um inimigo, combata-o", conclamou. O filho do ditador, que era seu provável substituto à frente do regime, afirmou ainda que "ninguém está com medo", o "guia" passa bem e todos "tomam chá e café" com suas famílias. Já Saadi Kadafi afirmou à TV Al-Arabiya que teria contatado o comando do CNT para propor um acordo que "ponha fim ao banho de sangue". Ele disse também que está oficialmente autorizado a negociar com os rebeldes a rendição das tropas leais a Kadafi. "As negociações buscam conter o banho de sangue na Líbia", afirmou Saadi, indicando ter conversado com Adel Hakim Belhadj, chefe do comando militar rebelde em Trípoli. "Reconhecemos o fato que eles (o CNT) representam uma parte legítima, mas nós somos o governo, que também é uma parte legítima da negociação." Belhadj confirmou ter aberto o diálogo com Saadi. "Ele nos deu uma ideia do local em que está e vamos dar sequência ao caso", afirmou. / COLABOROU LOURIVAL SANT"ANNA

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