PUBLICIDADE

Filmes interessantes, mas nenhuma obra-prima sobre o 11 de setembro

Atentados mudaram a história do mundo, mas não se pode dizer que mudaram a história o cinema

Atualização:

 

SÃO PAULO - Se o 11 de setembro de 2001 mudou a história do mundo, não se pode dizer que tenha mudado a história do cinema. Qualquer que seja a avaliação posterior de um fato histórico como o ataque às Torres Gêmeas e ao Pentágono, ela não poderá incluir entre seus subprodutos o aparecimento de grandes filmes. Alguns, no entanto, são bem razoáveis.

 

PUBLICIDADE

Veja também:documento ESPECIAL: Dez anos do 11/09som ESTADÃO ESPN: Série especialforum PARTICIPE: Onde você estava quando soube dos atentados?

 

Voo United 93, de Paul Greengrass, talvez seja o mais bem-sucedido da safra. Como não se sabe exatamente aquilo que se passou no avião desviado para Washington, o diretor ficou livre para presumir. E assim inventou o que lhe parece ser a verdade provável: que um grupo de passageiros, heroicamente, tentou dominar o grupo de sequestradores, houve luta e o avião acabou caindo antes de atingir seu alvo. Verdade ou não, o filme passa tensão numa situação-limite.

 

Já a parte referente à queda das torres é muito mais bem documentada. As cenas trágicas talvez tenham se tornado as imagens mais recorrentes do século. O que significa menos liberdade para criar situações que contrariem os fatos. No entanto, ainda há espaço para ficção, que é ocupado por Oliver Stone na figura do bombeiro vivido por Nicolas Cage, em World Trade Center. É curioso ver que houve talvez um equívoco de tom, ditado pela emoção. Stone, de maneira geral tão crítico em relação ao seu país, adere ao discurso patriótico nesse filme. Torna-se um cineasta vulgar - o que ele não é.

 

O tom mais crítico, e politizado, fica por conta de Michael Moore com seu Fahrenheit 11 de Setembro. Para ele, o importante não é tanto o ataque da Al-Qaeda, mas - tirando fantasias como a relação de Bush com Bin Laden - registra bem como o ex-presidente instrumentalizou o fato, levando os EUA à invasão do Iraque e à relação unilateral com o restante do mundo. Diga-se o que se disser de Moore, é dos poucos diretores, senão o único, a manter viva a veia crítica nos EUA.

 

Outro filme interessante é 11 de Setembro. São vários episódios e vários cineastas que tentam reproduzir o impacto do ataque em diversos países. Entre os diretores, o israelense Amos Gitai, o americano Sean Penn, o francês Claude Lelouch e o japonês Shohei Imamura.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.