Fim do EI é ‘questão de tempo’, diz secretário de Estado

Rex Tillerson vê avanços na estratégia antes criticada por Trump

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Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington
Atualização:

Crítico da estratégia de Barack Obama para enfrentar o Estado Islâmico (EI), Donald Trump prometeu que apresentaria um plano para destruir o grupo assim que chegasse à Casa Branca, mas ainda não o fez. Ontem, seu secretário de Estado, Rex Tillerson, disse que as diretrizes em vigor estão funcionando e o líder dos extremistas no Iraque e na Síria será morto. 

Em encontro de ministros dos 68 países que integram a coalizão de combate ao EI, o chefe da diplomacia americana disse que a aliança deveria ser “encorajada pelo significativo progresso” obtido nesse período, a maior parte do qual transcorreu na gestão Obama. 

Rebeldes que lutam contra o regime de Bashar Assad treinam no norte da Síria Foto: REUTERS/Khalil Ashawi

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Entre os avanços, Tillerson mencionou a expulsão do grupo extremista de 50 mil km² na Síria e no Iraque, nos quais vivem 2,5 milhões de pessoas. Segundo ele, o fluxo de combatentes estrangeiros para a região diminuiu em 90% nos últimos 12 meses.

“Quase todos os colaboradores de Abu Bakr al-Baghdadi (líder do EI) estão mortos, entre eles o idealizador dos ataques de Bruxelas, Paris e outros lugares”, disse o secretário. As mortes ocorreram no ano passado, em ações do Exército iraquiano apoiadas pelos EUA. “É só uma questão de tempo antes que o próprio Baghdadi tenha o mesmo destino.”

Tillerson também ressaltou que a Turquia conseguiu expulsar combatentes do EI de sua fronteira com a Síria, e a Líbia privou o grupo de seu único território fora do Iraque e da Síria. O secretário reiterou que o objetivo dos EUA não é enfraquecer o EI, mas destruí-lo. 

Promessa. “Nós vamos reunir os principais generais e dar a eles uma instrução simples. Eles terão 30 dias para submeter ao Salão Oval um plano para derrotar o EI completamente e rapidamente. Nós não temos outra escolha”, disse o atual presidente durante a campanha, em setembro. O pressuposto implícito na promessa era o de que o governo anterior não possuía uma estratégia de combate à organização terrorista.

Com a esperada retomada da cidade de Mossul, no Iraque, e de Raqqa, na Síria, Tillerson previu que os esforços dos EUA vão transitar da ação militar para esforços de estabilização da região dizimada pela guerra. Sem dar detalhes, ele disse que o governo americano trabalhará para criar “zonas provisórias de estabilidade”, protegidas por cessar-fogo, para as quais refugiados sírios poderão retornar. Desde o início da guerra civil, há seis anos, quase 5 milhões de pessoas deixaram o país e outras 6 milhões foram deslocadas internamente.

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Os esforços de estabilização incluirão a reconstrução de infraestrutura e o restabelecimento de serviços de fornecimento de água e eletricidade, afirmou Tillerson. Isso ocorrerá no momento em que o governo Trump pretende cortar em quase 30% o orçamento destinado à ajuda internacional.

“Os EUA farão sua parte, mas as circunstâncias no território requerem mais de todos nós”, observou o secretário. “Eu peço a cada país que examine como pode apoiar esses esforços vitais de estabilização.”

Tillerson afirmou, ainda, que o governo americano contribui com 75% dos recursos militares da coalização que enfrenta o EI, enquanto os demais países garantem 25%. No caso da ajuda humanitária, os porcentuais são inversos, com os EUA dando 25% e seus parceiros os restantes 75%.