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Finlândia assume Presidência da UE

Em seu mandato de seis meses, o país pretende promover a inovação no plano interior e fortalecer a cooperação com a Rússia

Por Agencia Estado
Atualização:

A Finlândia assumiu neste sábado a Presidência semestral da União Européia com os objetivos, poucos, mas práticos, de promover a inovação no plano interior e fortalecer a cooperação com a Rússia, seu poderoso vizinho, no âmbito externo. Quinto país da UE em superfície, mas pouco povoado (5,2 milhões de habitantes), a Finlândia pretende dirigir o bloco com eficácia e transparência, como única forma de enfrentar o problema central que o bloco enfrenta atualmente, que é a perda de legitimidade do projeto europeu entre os cidadãos. Assim anunciou esta semana o primeiro-ministro, o liberal Matti Vanhanen, que reconheceu que a UE "tem que demonstrar por que é necessária", já que sua missão original - conseguir a paz e estender a estabilidade na Europa - "já não basta" para ganhar o apreço da população. O governo finlandês admite que este será um semestre de transição na UE, marcada pela rejeição à Constituição européia nos referendos da França e Holanda há um ano. Alemanha A grande potência européia, a Alemanha, que sucederá a Finlândia na Presidência da UE em 1.º de janeiro de 2007, terá um maior papel na busca de uma saída para a crise constitucional. No entanto, segundo Vanhanen, a "reflexão passiva" terminou e a UE colocará mãos à obra com uma série de iniciativas concretas com as quais tentará demonstrar o valor agregado que possui. Em uma demonstração de voluntarismo, a coalizão de centro-esquerda governante na Finlândia decidiu submeter ao voto do Parlamento a ratificação do Tratado Constitucional, apesar da certeza de que este não poderá entrar em vigor com a redação atual. "Fazemos isso por duas razões: porque a Constituição é melhor que (o Tratado de) Nice e porque ninguém pode responder em nome do povo finlandês à pergunta se o novo tratado é ou não é bom para a Finlândia", explicou o primeiro-ministro. Negociações com a Turquia A diplomacia finlandesa também é consciente de que durante seu semestre a questão turca "tomará muito tempo". Os líderes europeus poderiam ser obrigados, na cúpula que será realizada em Bruxelas entre 14 e 15 de dezembro, a decretar a suspensão das negociações com a Turquia, se as autoridades turcas não cumprirem sua promessa de reconhecer o Chipre, mesmo que indiretamente, antes do fim do ano. Em 1999, sob a primeira Presidência finlandesa, a UE abriu as portas à Turquia, ao reconhecer sua condição de país candidato à adesão, e agora os finlandeses poderiam se ver na obrigação de suspender as negociações. Vanhanen convocou seus colegas europeus à outra cúpula, que será realizada na localidade finlandesa de Lahti, em 20 de outubro, conforme o esquema restrito e "informal" inaugurado pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, em Hampton Court em 2005, para falar do futuro da economia européia. Rússia O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi convidado a participar do jantar. Os líderes dos 25 países desejam conversar com Putin sobre a política energética do país. A Rússia, com a qual a Finlândia compartilha uma fronteira de mais de mil quilômetros, é a grande prioridade exterior da presidência finlandesa. A Finlândia conseguiu em novembro que a Rússia fosse aceita como membro pleno dentro da chamada "dimensão nórdica" da UE, e durante este semestre poderia promover as negociações para a renovação do acordo de cooperação e associação que vincula a UE aos russos. No plano das políticas internas, a presidência finlandesa concentrará seus esforços em promover as reformas necessárias para aumentar a capacidade da economia européia de competir em escala mundial. A palavra chave é "competitividade", da qual os finlandeses sabem mais que ninguém, se for levado em conta o índice do Fórum Econômico Mundial que situa a Finlândia em primeiro lugar. Somente Suécia e Israel superam a Finlândia em investimentos no âmbito da pesquisa científica e da inovação, onde ultrapassou há muito tempo o objetivo de 3% do PNB que a UE estabeleceu em 2000 e que continua sendo inacessível para a maioria dos membros.

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