O Fundo Monetário Internacional (FMI) proibiu nesta quarta-feira, 10, o governo do presidente Nicolás Maduro de retirar reservas financeiras na entidade e de negociar qualquer acordo até que seus membros decidam se ainda reconhecem o chavista como líder legítimo da Venezuela. As reservas venezuelanas no fundo são estimadas em US$ 400 milhões. Nos últimos 12 meses, Maduro já sacou US$ 1 bilhão do dinheiro que o país tinha no FMI.
“Qualquer compromisso do FMI com a Venezuela, como respostas sobre pedidos de transações financeiras, tem como base o reconhecimento do governo”, disse o FMI por meio do porta-voz Raphael Anspach. “E não há uma posição comum dos países-membros sobre isso.”
O segundo de mandato de Maduro é contestado pela oposição e por parte da comunidade internacional, sob alegações de fraudes. Em janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino do país ao qualificar Maduro como “usurpador” da presidência.
Mais de 50 países, principalmente do continente americano e da Europa reconhecem Guaidó como o líder de fato do país. Essa decisão foi seguida por alguns órgãos, como o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) e a Organização dos Estados Americanos (OEA). Apesar disso, Maduro segue no comando das fronteiras, do Exército e das instituições venezuelanas.
A decisão do FMI dificulta ainda mais o acesso de Maduro a moeda forte, em meio à pior crise econômica da história venezuelana. A economia do país encolheu pela metade desde que o chavista chegou ao poder em 2013, numa combinação explosiva de falta de reservas em dólar, hiperinflação, escassez e impressão de dinheiro sem lastro.
As sanções que os EUA começaram a impor a partir de 2017, diminuíram os mercados do petróleo venezuelano e prejudicaram o acesso a crédito do regime. Com isso, Maduro passou a sacar reservas em dólar no FMI e em bancos europeus. O Banco da Inglaterra impediu em janeiro que o chavismo retirasse US$ 1,2 bilhão em barras de ouro de seus cofres. / AFP e Bloomberg