Fome mata crianças em 'estradas da morte' na África

Diretora do Programa Mundial de Alimentos da ONU disse que comida fornecida 'não dá conta'

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Por CATHERINE HORNBY E DEE
Atualização:

ROMA - Centros de distribuição emergencial de alimentos no leste da África, devastado pela seca, estão sobrecarregados pela chegada todos os dias de milhares de pessoas famintas. As mães são forçadas a abandonar pelas estradas seus filhos mortos ou à beira da morte, disseram nesta segunda-feira, 25, funcionários dos serviços de ajuda.

 

A diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) da ONU, Josette Sheeran, disse à imprensa em Roma que uma combinação fatal de desastre natural e conflito regional criou uma situação de emergência que afeta mais de 12 milhões de pessoas. "Vemos que todos os postos capazes de distribuir comida estão completamente sobrecarregados". Segundo ela, "nosso alimento não dá conta, por isso estamos distribuindo por via aérea mais suprimentos para salvar vidas".

 

Ao longo da estrada

 

 

Uma chance

 

Em um comunicado, o Banco Mundial disse estar destinando mais de 500 milhões de dólares para ajuda às vítimas da seca, além de 12 milhões de dólares em auxílio imediato para os que estão em pior condição. Em meio a alertas sobre a necessidade de ação urgente para impedir que um desastre humanitário se espalhe pelo Chifre da África, autoridades disseram haver ainda uma chance de apoiar as pessoas e ajudá-las a retomar sua vida como camponeses e pescadores. A OMS e governos do mundo todo vêm sendo criticados pela lenta reação à tragédia, mas eles enfrentam grandes dificuldades para enviar ajuda a uma região imersa em conflitos violentos, que abrange boa parte do sul da Somália. A ONU declarou que há fome em duas regiões da Somália e alertou que a crise pode se espalhar para outras áreas. Anos de conflito anárquico no sul da Somália exacerbaram a situação de emergência, impedindo que entidades humanitárias levassem ajuda às comunidades locais. Quase 135 mil somalis abandonaram a área desde janeiro, na maioria em direção ao Quênia e Etiópia. O programa da ONU informou que não tem como entrar em contato com mais de 2 milhões de somalis à beira da fome em áreas controladas por militantes islâmicos, que proibiram a entrega de ajuda em 2010 e costumam ameaçar as entidades humanitárias.

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