02 de março de 2019 | 11h38
WASHINGTON - Chelsea Manning, a ex-militar americana presa por divulgar segredos de Estado para o WikiLeaks, deverá comparecer diante de um grande júri, informou neste sábado, 2, sua advogada.
Moira Meltzer-Cohen destacou que não foi informada sobre os motivos da nova convocação, mas a imprensa dos Estados Unidos especula que pode ser em função de um caso contra WikiLeaks encaminhado por promotores federais no Estado da Virgínia.
A advogada disse que Chelsea, de 31 anos, não pretende responder à intimação. "Eu me oponho energicamente a esta intimação e ao processo do grande júri em geral", escreveu ela em um comunicado.
Os EUA são um dos poucos países a ter um sistema de grande júri, embora nem todo Estado americano faça uso dele, e as regras variam de unidade para unidade federal.
Neste sistema, que atua em paralelo aos tribunais, a apreciação das ações são conduzidas sem advogados de defesa e normalmente sem os réus estarem envolvidos. Além disso, esse sistema não determina o veredicto de culpado ou inocente, decidindo somente se há provas suficientes para realizar um julgamento.
"Não tenho nada a acrescentar e me incomoda que me obriguem a me colocar em perigo ao participar desta prática predatória", disse a ex-analista dos serviços de inteligência americanos.
Chelsea Manning, que deixou de se chamar Bradley após fazer uma cirurgia de redesignação sexual, foi condenada em 2013 a 35 anos de prisão por passar ao WikiLeaks e a cinco jornais mais de 700 mil documentos sigilosos do governo americano sobre a guerra no Iraque e no Afeganistão. Entre eles, está o vídeo do helicóptero americano bombardeando civis em Bagdá em 2007.
As revelações expuseram delitos encobertos e possíveis crimes por parte de tropas e aliados do governo americano. / AFP
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.