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Foram 54 os iraquianos mortos por americanos

Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército dos EUA anunciou hoje que subiu para 54 o número de rebeldes iraquianos mortos nos combates de domingo em Samarra, mas moradores da cidade nortista afirmaram que foram oito ou nove os mortos, a maioria civis. Hoje em Samarra, onde comboios americanos repeliram emboscadas bem coordenadas que assinalaram uma escalada na tática dos guerrilheiros, havia uma dezena de carros destruídos nas ruas e vários prédios apresentavam marcas de buracos de balas. Uma mesquita e um jardim de infância também foram danificados. Os combates em Samarra, localizada no chamado "triângulo sunita", onde tem sido mais intensa a resistência contra a ocupação liderada pelos EUA, foram um dos mais sangrentos desde a queda do regime de Saddam Hussein depois que as forças lideradas pelos EUA invadiram o Iraque em 20 de março, segundo militares americanos. O capitão Andy Deponai, cujo tanque foi atingido por uma granada propelida por foguete, disse ter ficado surpreso com a escala do ataque contra os comboios que transportavam notas da nova moeda iraquiana, e que de 30 a 40 atacantes aguardavam perto de cada um dos dois bancos onde o dinheiro seria entregue. "Estamos vendo uma progressão - inicialmente eles faziam um único disparo com granada propelida por foguete e fugiam, então eles passaram a dar salva, e agora temos a primeira emboscada bem coordenada", afirmou. "Desta vez, eles aparentemente estavam treinados e prontos para a luta", observou Deponai. No domingo, o coronel Frederick Rudesheim, na base americana em Samarra, havia dito que 46 rebeldes tinham sido mortos nos enfrentamentos. Num comunicado hoje, o Exército dos EUA aumentou para 54 o número de mortos. Cinco soldados americanos ficaram feridos. Comandantes dos EUA afirmaram que muitos dos atacantes vestiam uniformes das milícias fedayn, pró-Saddam. Entretanto, moradores da cidade e fontes hospitalares afirmaram que os militares americanos inflaram os números. Eles garantiram que nos confrontos morreram oito ou nove iraquianos. Testemunhas relataram que leais a Saddam atacaram os americanos, mas quando as forças dos EUA começaram a disparar a esmo, inclusive com canhão de tanques, civis pegaram em armas e entraram na luta. Moradores disseram que estavam revoltados com recentes buscas promovidas durante a noite pelos americanos. "Por que eles prendem pessoas quando elas estão em suas casas?" questionou o estudante Athir Abdul Salam, de 19 anos. "Eles vêm durante a noite e prendem pessoas. O que eles esperam que façamos?" "Civis atiraram de volta nos americanos", contou Ali Hassan, 30 anos, que foi ferido por estilhaços na batalha. "Eles falam que somos terroristas. Tudo bem, somos terroristas. O que eles esperam de nós quando passam entre a gente?" Muitos moradores denunciaram que os americanos passaram a disparar para todos os lados quando foram atacados, atingindo instalações civis. Seis veículos foram destruídos na frente do hospital, onde, segundo moradores, tanques americanos atingiram com disparos de canhão pessoas que levavam feridos. Um jardim de infância foi danificado, mas nenhuma criança foi ferida. "Por sorte, retiramos as crianças cinco minutos antes do ataque", disse Ibrahim Jassim, de 40 anos, guarda do jardim de infância. Moradores relataram que um dos mortos era um peregrino idoso do Irã que visitava o santuário xiita da cidade. Também hoje, guerrilheiros emboscaram um comboio militar dos EUA em Habbaniyah, 80 km a oeste de Bagdá, matando um soldado americano. Pelo menos 104 soldados da coalizão foram mortos no Iraque em novembro, entre eles 79 americanos. Foi o mês mais letal para as forças de ocupação desde o início da guerra, em 20 de março.

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