PUBLICIDADE

Força de paz no Haiti será reduzida gradativamente, dizem autoridades

Chanceler uruguaio e chefe da missão da ONU no Haiti afirmam que contingente no país deve voltar ao tamanho anterior ao terremoto de janeiro de 2010.

Por Marcia Carmo
Atualização:

A presença das tropas de paz das ONU no Haiti deverá ser reduzida gradativamente, afirmaram nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, e o representante das Nações Unidas no Haiti, o chileno Mariano Fernández. "O cronograma da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) terá a tendência a diminuir as tropas", afirmou Fernández em Montevidéu, onde se reuniu com ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países da Unasul. "Isso quer dizer que o Haiti está assumindo a condução de seu próprio país", afirmou. "Devemos voltar a ter a mesma quantidade de soldados que tínhamos antes do terremoto no Haiti", disse o chanceler uruguaio a jornalistas, após a reunião. "Esperamos que, aos poucos, em três ou quatro anos, o país volte a ter sua própria segurança", disse Almagro, segundo o jornal El Observador, da capital uruguaia. Depois de ser atingido por um terremoto devastador, em janeiro de 2010, o Haiti viu um aumento nas tropas de paz, que passaram de cerca de 9 mil para mais de 12 mil soldados, de acordo com autoridades uruguaias. Os países da Unasul representam cerca de 40% do total de efetivos da Minustah, integrada por 18 países e presente no Haiti desde 2004. Também participaram do encontro os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Defesa, Celso Amorim. "Não podemos ficar eternamente (no Haiti), mas também não podemos sair de maneira que não seja responsável", disse Amorim nesta quinta-feira, logo após encontro com o presidente uruguaio, José "Pepe" Mujica. Almagro disse que a saída das tropas será coordenada com o governo haitiano e as Nações Unidas. Ban Ki-moon Almagro e Fernández disseram que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá recomendar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas uma "redução das tropas que não afete o trabalho atual no Haiti". A recomendação de Ban deverá ser feita no próximo dia 15, quando será aberta nova sessão ordinária da Assembléia Geral das Nações Unidas. Os países da Unasul com tropas na Minustah são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai. "Estes países acompanharão a proposta de redução de tropas (no Haiti). Também vão solicitar a abertura de um debate sobre como esta retirada de militares deverá ser feita", informou a Presidência do Uruguai. Segundo o site da Presidência, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa destes países "também querem atender à solicitação haitiana de quantidade maior de componentes civis, especializados em temas econômicos e sociais". Denúncias Almagro e Fernández disseram que a retirada das tropas não está ligada às denúncias contra quatro soldados uruguaios acusados de abusos contra um jovem haitiano na cidade de Port Salut, no sul do país. "Queremos agradecer a forma rápida, enérgica e sem ambiguidade com que o Uruguai reagiu (neste caso) e sua disposição para investigá-lo", disse Fernández. A imprensa uruguaia informou nesta quinta-feira que, segundo a chefe de comunicação da Minustah, Eliana Nabaa, os militares acusados de abusos contra o haitiano não deverão ser repatriados antes da conclusão das investigações do caso. O presidente uruguaio enviou, na quarta-feira, uma carta ao colega haitiano Michel Martelly "pedindo desculpas ao povo haitiano". "Não é tão comum que os chefes de Estado tomem esta atitude. Esta capacidade revela a grandeza que está à altura do povo uruguaio", disse o ministro Celso Amorim, a respeito do pedido de desculpas de Mujica. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.