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Forças da Nigéria perseguem grupo radical islâmico

Ataques rebeldes podem ter deixado 400 mortos em dois dias

Por ABUJA
Atualização:

A polícia nigeriana impôs ontem toque de recolher nos quatro Estados do norte da Nigéria onde, desde domingo, pelo menos 150 pessoas morreram em ações de um grupo radical islâmico. Segundo dados da ONG local Congresso de Direitos Civis, citada pela emissora de TV americana CNN, os mortos podem chegar a 400. O presidente da Nigéria, Umaru Yar?Adua - que iniciou ontem uma visita oficial de três dias a Brasília - disse, antes de sua partida, que a polícia e o Exército nigerianos realizam "uma grande operação para conter de uma vez por todas" os ataques de grupos radicais que, desde o ano 2000, defendem a aplicação da lei islâmica (sharia), em 12 dos 36 Estados do norte da Nigéria. "Nossas agências de segurança vêm fazendo um rastreamento (desses grupos) há anos. Garanto a vocês que a situação será controlada", disse Yar?Adua. A onda de violência começou no domingo, depois que membros do grupo radical islâmico Boko Haram (a educação é proibida, na língua local) atacaram igrejas, prédios do governo, e postos policiais. Munidos de fuzis, facões, machados e bombas caseiras, os militantes protestavam contra a prisão de líderes do grupo no Estado de Bauchi. Mais de 3 mil pessoas fugiram dos ataques nos últimos dias, deixando aldeias nas áreas rurais para buscar refúgio nos subúrbios das cidades. Os ataques levaram comerciantes a fechar as portas, apesar das garantias de segurança dadas pelo governo. EDUCAÇÃO Além de forçar a aplicação da sharia, o Boko Haram tenta impedir que o governo adote um modelo educacional ocidentalizado na Nigéria. "Não acreditamos na educação do Ocidente. Ela corrompe nossas idéias e crenças. Por isso estamos nos levantado, para defender nossa religião", disse o militante Abdulmuni Ibrahim, detido na segunda-feira no Estado de Kano. O líder do grupo, Mohammed Yusuf, é acusado de mobilizar milhares de jovens estudantes e desempregados contra o governo, num movimento que, segundo especialistas, poderia ter ligações com grupos terroristas internacionais. Os choques mais violentos foram registrados em Maiduguri, no Estado de Borno, onde vive Yusuf. AMEAÇA Mais de 200 grupos étnicos vivem em relativa paz na Nigéria, país mais populoso da África, com 140 milhões de habitantes. A última guerra civil, entre 1967 e 1970, deixou entre 500 mil e 2 milhões de nigerianos mortos. Desde então, o governo enfrenta apenas surtos esporádicos de violência. Em abril de 2007, forças de segurança mataram 25 militantes radicais islâmicos depois de um dia de confrontos no Estado de Kano, dias antes da eleição presidencial. Seis meses depois, o Serviço de Segurança Estatal (SSS, na sigla em inglês) capturou um grupo de militantes islâmicos acusado de manter laços com a Al-Qaeda. Na época, diplomatas ocidentais expressaram preocupação com a possibilidade de o país converter-se em um reduto para grupos como a Al-Qaeda e o Taleban. Em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou a perda de vidas pela violência religiosa na Nigéria. REUTERS, AP E EFE

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