19 de abril de 2011 | 08h52
Foto de testemunha mostra manifestantes rezando na praça do Relógio, em Homs
DAMASCO - As forças de segurança da Síria dispararam nesta terça-feira, 19, contra milhares de manifestantes na cidade de Homs, a terceira maior do país. Horas antes, as autoridades afirmaram que pretendem reprimir uma possível revolta armada no país. "Houve forte tiroteio", disse uma ativista por telefone em Damasco, afirmando que a manifestação foi interrompida com o uso da força. Ela não soube informar, porém, se há mortos ou feridos.
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De acordo com informações do ativista local, as forças de segurança foram em grande número à Praça Al-Saa (Praça do Relógio), onde 20 mil pessoas começaram uma manifestação pela renúncia do presidente sírio, Bashar Assad. Ontem, chegaram à praça milhares de manifestantes. No domingo, foram mortas 11 pessoas pelas forças de segurança em Homs e em uma cidade próxima, durante um dia de grandes protestos.
Um comunicado do Ministério do Interior acusou esses manifestantes de matar soldados, policiais e civis e de atacar propriedades públicas e privadas, advertindo que "suas atividades terroristas não serão toleradas". "Os últimos incidentes mostram que grupos salafistas armados na cidade de Homs e Banias convocaram abertamente uma revolta armada", afirmou a nota do governo.
Os protestos na Síria são inspirados pelos levantes populares que derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito. Para os manifestantes, a promessa feita por Assad no fim de semana de acabar com uma rígida lei de emergência é pouco, e eles exigem a libertação de todos os presos políticos e o fim das prisões arbitrárias.
O movimento imita o ocorrido na praça Tahrir no Egito, quando 18 dias de protestos forçaram o presidente Hosni Mubarak a renunciar em fevereiro. Os manifestantes sírios até rebatizaram o local para praça Tahrir.
Assad sucedeu seu pai, Hafez Assad, que morreu em 2000. Os protestos ocorrem na Síria desde 15 de março. O país vive em estado de emergência desde 1963, quando o Partido Baath chegou ao poder. Pelo menos 200 pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde o início dos protestos na Síria, segundo a Anistia Internacional.
As informações são da Dow Jones.
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