Forças de segurança do Iêmen matam 5 manifestantes

Dezenas de pessoas foram mortas nos últimos dias após escalada dos confrontos

PUBLICIDADE

Atualização:

SANAA -

PUBLICIDADE

Forças de segurança mataram nesta terça-feira, 31, cinco manifestantes contrários ao governo na cidade de Taiz, segunda maior do Iêmen, disseram testemunhas. Ontem, 21 pessoas haviam sido mortas na repressão a um protesto na praça central da cidade. Fontes disseram que as forças de segurança tentavam impedir que qualquer um se reunisse na cidade hoje, disparando naqueles que tentavam. Médicos confirmaram que pelo menos duas pessoas foram mortas. Parte da população iemenita pede desde janeiro o fim do governo do presidente Ali Abdullah Saleh, no cargo desde 1978.

 

Veja também:especialMapa: A revolução que abalou o Oriente Árabe

As mortes desta terça-feira ocorreram após as forças de segurança reprimiram um protesto de quatro meses realizado em Taiz, matando 21 pessoas ontem. Agentes apoiados pelo Exército e por Guardas Republicanos invadiram o ato contra Saleh na Praça Liberdade, disparando em civis e ateando fogo a barracas.

 

Hoje, houve confrontos perto da residência em Sanaa do líder tribal dissidente xeque Sadiq al-Ahmar, informa a France Presse. O governo de Saleh acusou combatentes de Ahmar de romperem uma trégua anunciada pelo líder tribal na sexta-feira. Porém fontes próximas ao xeque alegam que as forças do presidente desrespeitaram o cessar-fogo. Não havia ainda informações sobre feridos nessa disputa.No sul do país, perto da cidade de Zinjibar, supostos membros da Al-Qaeda mataram quatro soldados iemenitas e feriram dez, disse uma fonte do setor de segurança. Boa parte dessa cidade está sob controle dos militantes, informou a mesma fonte.

 

ONU

 

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse nesta terça-feira que mais de 50 pessoas morreram desde o domingo na cidade iemenita de Taiz por disparos do Exército, das forças de segurança e de "elementos governistas".

Publicidade

 

Pillay assinalou que, de acordo com as informações recebidas por seu escritório, estas forças fizeram uso de violência para destruir o acampamento de protesto na Praça Horriya utilizando canhões de água, escavadeiras e munição real.

 

Além dos 50 mortos, acrescentou que várias centenas de manifestantes ficaram feridos.

 

Em comunicado, Pillay condenou o crescente uso da força contra os manifestantes antigovernamentais e afirmou que as forças de segurança ocuparam o hospital Al-Safa, em Taiz, e que o hospital de campanha da Praça Horriya foi incendiado, pelo que quase não há acesso a atendimento médico de urgência.

 

"O governo é obrigado a permitir o acesso à ajuda humanitária aos que precisam. O pessoal médico e as instalações sanitárias nunca devem ser alvo das forças de segurança", assinalou.

 

Pillay também denunciou que o governo está produzindo detenções arbitrárias e ilegais "por exercer os direitos de reunião e de expressão".

A alta comissária disse ainda que a situação em Sanaa, capital do Iêmen, continua difícil, e que as forças de segurança seguem empregando a força para dispersar os manifestantes.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.