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Forças dos EUA liberam 8 iranianos detidos na véspera no Iraque

Por ROSS COLVIN
Atualização:

As forças dos Estados Unidos anunciaram na quarta-feira que oito iranianos foram presos na noite de terça-feira em um hotel de Bagdá, mas foram libertados após consultas ao governo iraquiano. Uma mala cheia de dinheiro teria sido apreendida com eles. Yasin Majid, consultor de mídia do primeiro-ministro iraquiano Nuri Al Maliki, disse que os envolvidos eram membros de uma delegação iraniana que está no Iraque a convite do Ministério da Eletricidade para discutir a construção de uma nova usina elétrica. Em nota, os militares dos EUA disseram que seus soldados abordaram quatro veículos e detiveram 15 pessoas --os iranianos e seus guarda-costas iraquianos-- na noite de terça-feira. O texto diz que foram apreendidos ainda um rifle AK-47 e duas pistolas pertencentes aos iraquianos. Após a abordagem, os iranianos foram autorizados a irem para seu hotel, o Sheraton Ishtar, no centro da cidade. Mas os soldados os seguiram de perto e entraram em seus quartos. "Uma vez ali, as Forças da Coalizão confiscaram um laptop, celulares e uma mala cheia de dinheiro iraniano e dos EUA", disse a nota, acrescentando que os homens foram levados para interrogatório em uma unidade militar norte-americana. "Os cidadãos iranianos tinham passaportes. Posteriormente determinou-se que dois dos indivíduos iranianos portavam credenciais diplomáticas. Os cidadãos iranianos foram liberados em consulta ao governo do Iraque", disse a nota. Um vídeo mostra os soldados dos EUA levando dez homens, algemados e vendados, para fora do hotel. O incidente pode agravar as tensões entre EUA e Irã, inimigos há quase 30 anos. Washington acusa Teerã de patrocinar milícias xiitas no Iraque e de tentar desenvolver armas nucleares. A República Islâmica nega ambas as acusações. O embaixador iraniano em Bagdá disse à agência Irna, do seu país, que os militares dos EUA entregaram a delegação às 7h (0h em Brasília) ao gabinete de Maliki. Ele afirmou que os funcionários estão no Iraque para assinar um contrato na área de eletricidade. Desde janeiro, as forças dos EUA mantêm sob custódia outros cinco iranianos acusados de dar apoio aos militantes. Os militares dizem que os cinco são agentes da Força Qods da Guarda Revolucionária iraniana. Teerã insiste que são diplomatas e exige sua libertação. Generais dos EUA dizem que o Irã está tentando influenciar o debate sobre a guerra em Washington ao ampliar o apoio às milícias xiitas, na esperança de que isso pese num relatório oficial a ser entregue ao Congresso, dentro de duas semanas, que pode determinar a retirada ou permanência das tropas de ocupação. Apesar da tensão, diplomatas dos EUA e do Irã em Bagdá mantêm reuniões inéditas para tentar melhorar a segurança do Iraque. Nos encontros de maio e julho, o embaixador norte-americano Ryan Crocker formalizou a suspeita de que o Irã ajuda as milícias, e novamente ouviu desmentidos. (Reportagem adicional de Waleed Ibrahim em Bagdá e Edmund Blair em Teerã)

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