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Formação de gabinete deve demorar na Itália

Letta, escolhido para negociar coalizão com grupo de Berlusconi, abre diálogo político, mas divergências ainda são 'muito importantes'

Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Enrico Letta, primeiro-ministro em exercício da Itália, abriu ontem as negociações para alcançar uma coalizão entre o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e o grupo liderado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi, Povo da Liberdade (PDL), de direita. As discussões, porém, deverão se estender mais do que o previsto, prolongando o impasse italiano, pois as divergências entre as duas forças políticas "continuam muito importantes".A definição foi feita ontem pelo próprio Letta, escolhido na quarta-feira pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano, para assumir o Palácio de Chigi, sede da chefia do governo. Questionado sobre as discussões, o social-democrata, ex-membro da juventude católica do país, afirmou: "Acredito que será necessário muito mais tempo porque nós viemos de um período de profunda oposição mútua", referindo-se a "divergências históricas significativas que subsistem com o PDL".Ontem, Letta e Berlusconi conversaram por telefone e o ex-premiê teria "encorajado" o possível novo chefe de governo a seguir negociando. "Apoiaremos todo governo em condições de aprovar projetos urgentes dos quais a Itália precisa", afirmou Il Cavaliere, que saiu fortalecido do impasse político iniciado nas eleições de fevereiro. Letta e Berlusconi não são de todo desconhecidos na vida política. Um dos tios do premiê incumbido, Gianni Letta, foi braço direito do ex-primeiro-ministro, exercendo o cargo de secretário de Estado em todas as gestões de Berlusconi. Em 2010, o líder do PDL chegou a propor o nome de Gianni Letta como candidato do partido nas eleições presidenciais de 2013, realizadas na semana passada e vencidas por Napolitano.Apesar das divergências, os primeiros nomes que devem compor o governo de Enrico Letta já circulam nos bastidores. De acordo com o jornal La Repubblica, Pier Carlo Padoan, economista-chefe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deve assumir o Ministério da Economia. O centrista Mario Monti e o ex-comunista Massimo D'Alema disputariam o Ministério das Relações Exteriores. / COM AFP e REUTERS

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