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Fórum Mundial será solidário com Nova York

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando o Fórum Econômico Mundial abrir na próxima quinta-feira estará reunindo o maior número de de líderes políticos e empresariais em Nova York desde 11 de setembro. As autoridades esperam que a nova sensibilidade à violência, particularmente nesta cidade, mantenha os protestos de rua relativamente calmos, diferentemente das demonstrações ruidosas, que se transformaram em rotina nas reuniões econômicas internacionais desde 1999, em Seattle. Como forma de solidariedade a uma cidade atingida pelo terrorismo, desta vez as conversações terão lugar no Waldorf Astoria de Nova York, ao invés de serem realizadas na pacata Davos, na Suíça, sede do fórum há 31 anos. E, desta vez, mais do que discutir negócios e globalização, os painéis vão tratar de conflitos étnicos e tensões sociais. O números de personalidades religiosas inscritas subiu de 17, em 2001, para 43 este ano, incluindo líderes muçulmanos. "A maioria dos participantes concorda conosco que nunca houve um momento tão importante para uma reunião como a que estamos tendo aqui", disse o porta-voz do fórum, Charles McLean. Entidades não relacionadas com negócios, como a Anistia Internacional, querem apoio para uma pauta que equilibre direitos humanos e repressão ao terrorismo, um desafio que fica ainda maior em Nova York, cidade que ainda se ressente dos ataques ao World Trade Center. "É uma cidade devastada, que ainda está em choque profundo. Isso vai pressionar os participantes no sentido de discutir essa questão e tentar equilibrar segurança com a manutenção dos padrões internacionais", disse Kamal Samari, porta-voz da Anistia Internacional, participante de um painel de discussão. A pauta já tem inúmeros furos. O ex-presidente do conselho administrativo da Enron, Kenneth Lay, que normalmente participa do evento, foi dispensado depois que a empresa faliu. Barrado num painel sobre indústria automobilística, o Greenpeace decidiu boicotar o evento. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não estará presente, mas será representado por integrantes do seu gabinete, entre eles o secretário de Estado, Colin Powell. Nos cinco dias do fórum, muita coisa deve acontecer nos bastidores, longe dos olhos do público. É a tal rede por trás do palco, denunciada por oponentes do capitalismo global, que dizem que as ações das instituições econômicas estão ampliando o fosso entre ricos e pobres. "O fórum é o símbolo vivo de intrigas entre líderes políticos e empresariais, que proclamam estar reunindo-se para resolver problemas mundiais quando, na realidade, procuram formas de enriquecer uns aos outros", disse Eric Laursen, da Another World is Possible (Um Outro Mundo é Possível), coalizão de grupos antiglobalização que planeja marchar em protesto para o Waldorf-Astoria. A população, porém, não parece muito disposta a aderir a manifestações iguais às registradas na conferência de Davos no ano passado e em outros encontros mundiais recentes. De qualquer forma, as autoridades novaiorquinas convocaram 40 mil policiais que estarão prontos para agir. "Após 11 de setembro, as pessoas que acham que a violência é uma forma legítima de protesto certamente não vão encontrar quem concorde com elas. Aposto que os novaiorquinos não vão ser muito solidários", disse McLean.

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