PUBLICIDADE

Foto de menina afegã depois de ataque com bomba ganha Pulitzer

Fotógrafo afegão ficou ferido durante trabalho; comitê disse que imagem é 'dolorosa'

Por BBC Brasil
Atualização:

NOVA YORK - Um fotógrafo afegão da agência de notícias francesa AFP ganhou o prêmio Pulitzer por uma foto de uma menina afegã flagrada logo após um ataque suicida em Cabul, capital do Afeganistão.

Veja também:link

Huffington Post conquista seu primeiro Pulitzer

PUBLICIDADE

Massoud Hossaini foi premiado na categoria de melhor imagem de notícia urgente ao registrar o choro de Taraneh Akbari depois da explosão em um templo lotado.

"É talvez a foto mais difícil que já fiz", disse o fotógrafo à BBC sobre a imagem vencedora.

"Era o dia 6 de dezembro durante as cerimônias da Ashura em Cabul quando a bomba explodiu. Eu estava tão perto da explosão que fiquei ferido. Meu braço esquerdo ficou ferido."

"Toda a minha concentração foi para tentar capturar o momento. Então eu vi um monte de roupas coloridas e uma menininha, que eu tinha visto antes da explosão. Ela estava gritando em meio ao medo e ao caos. Ela estava cercada de corpos ensanguentados da família dela e amigos", disse.

Publicidade

Mais de 70 pessoas foram mortas na explosão, que coincidiu com o festival muçulmano xiita Ashura e foi o mais grave ataque suicida em Cabul em 2011.

O comitê do Pulitzer disse que a imagem feita por Hossaini é "dolorosa".

O Pulitzer começou a ser distribuído em 1917 e premia os melhores trabalhos de jornalismo e artes.

     Evitando as fotos. A família de Hossaini deixou o Afeganistão ainda na década de 1980, durante a invasão soviética, e foi viver no Irã. O fotógrafo voltou ao seu país apenas em 2002, depois da derrubada do Talebã, onde começou a trabalhar em um centro cultural financiado pelo fotógrafo da National Geographic Reza Deghati.Hossaini trabalha para a AFP desde 2007 e, desde então, tem registrado a luta contra os insurgentes do Talebã no Afeganistão, desde ataques suicidas e combates na capital até reportagens junto com militares da Otan que estão no país.Apesar da experiência, Hossaini disse à BBC que tenta não olhar novamente as fotos que fez no dia em que registrou a reação de Taraneh Akbari."Desde então, tenho feito de tudo para não voltar (a olhar) aquelas fotos que tirei naquele dia. Todas as vezes que penso naquela garota assustada, vestida de verde, chamada Taraneh, sou dominado pelo medo de novo", afirmou o fotógrafo.Taraneh atualmente tem 11 anos e contou que "quando consegui ficar de pé, vi que todos estavam em volta, no chão, muito ensanguentados. Eu fiquei muito, muito assustada"."Sei que, quem quer que veja esta foto, vai pensar no fotógrafo, mas espero que eles não se esqueçam da dor do povo afegão", disse Hossaini.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.