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Fotos mostram Rússia sob nuvem de fumaça

Imagens enviadas por leitores mostram dia a dia no país, que há semanas sofre com calor e incêndios

Por BBC Brasil
Atualização:

 

 

Fotos enviadas por leitores do site da BBC para a Rússia retratam a vida sob a nuvem de fumaça que cobre o país desde meados de julho. Imerso em uma onda de calor que resultou em diversos incêndios florestais, o país foi tomado por uma espessa camada de ar que transformou cartões-postais como a Praça Vermelha, em Moscou, e a Catedral de Smolny, em São Petersburgo. No fim-de-semana, moscovitas seguiam as orientações das autoridades e podiam ser vistos no metrô usando máscaras de gás para reduzir os males da concentração exagerada de monóxico de carbono na cidade.

 

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Os equipamentos de proteção, parecidos com as máscaras usadas pelos médicos em cirurgias, se tornaram ativo valioso e viram até um aumento de preços. O aumento da temperatura, que bateu recorde de 39 graus em Moscou esta semana, fez moradores da capital russa improvisarem saídas para vencer o calor. Em um condomínio, por exemplo, moradores dividiram os custos de instalar uma piscina de inflável no jardim. Mudanças assim no dia-a-dia dos russos foram clicadas pelos leitores e enviados à BBC Russia por email (russian@bbc.co.uk) ou postadas na comunidade virtual da BBC Rússia no site.

 

Alguns leitores/fotógrafos manifestaram que nunca imaginariam sentir falta do clima frio. Aquecimento Cientistas não descartam a possibilidade de que o clima quente e seco que vem causando os incêndios seja causado em parte pelas mudanças climáticas globais. Para Jeff Knight, cientista especializado em variações climáticas do UK Met Office, o centro nacional de meteorologia da Grã-Bretanha, a situação vivida por Moscou pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles, a concentração de gases causadores do efeito estufa, que vem aumentando de forma constante. Segundo o pesquisador, o fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico e afeta o clima em várias partes do mundo, além de padrões climáticos locais, também podem estar contribuindo para as condições anormais registradas na Rússia neste verão.

  

"A onda de calor na Rússia está relacionada a um padrão persistente de circulação de ar do sul e do leste", disse o pesquisador. "Anomalias de circulação (de ar) tendem a criar anomalias de calor e frio. Enquanto está muito quente no oeste da Rússia, está mais frio que a média em partes da Sibéria." Na mesma linha, o chefe do programa de clima e energia da organização WWF Rússia, Alexei Kokorin, disse que o país deve "se preparar" para situações semelhantes no futuro, pois é possível que as temperaturas aumentem ainda mais nos próximos anos. "Esta tendência não vai parar nos próximos 40 anos, até que as emissões de gases causadores de efeito estufa sejam reduzidas", afirmou. Ele afirmou ainda que a mudança de clima já levou a mudanças leves na fauna, como por exemplo, o aparecimento de águas-vivas no rio Moscou, que está mais quente que o normal.

 

Saúde econômica Os efeitos das altas temperaturas também se estendem ao campo da saúde pública e da economia. Economistas já estimam que o custo de combater os incêndios causados pelo aquecimento neste ano atingirá US$ 15 bilhões e poderá retardar a recuperação econômica do país. De acordo com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, o impacto dos incêndios sobre a safra de grãos pode ser maior do que o inicialmente esperado. Atualmente prevista em 65 milhões de toneladas, a safra pode cair para 60 milhões de toneladas, afirmou Putin. A Rússia é o terceiro maior produtor mundial de trigo. No campo da saúde pública, a taxa de mortalidade diária na cidade de Moscou praticamente dobrou desde o início da onda de calor, de entre 360 e 380 pessoas para cerca de 700, segundo as autoridades locais. Há relatos de que muitas pessoas faleceram em decorrência de males causados pelo calor e pela exposição à fuligem. A concentração de monóxido de carbono em Moscou está o dobro do considerado aceitável. A expectativa é de que o calor continue, com temperaturas de até 35º C.

 

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