PUBLICIDADE

Fox nega ter mentido sobre visita de Fidel ao México

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Vicente Fox negou ter mentido ao assegurar que seu governo não pressionou o líder cubano Fidel Castro para que interrompesse uma visita ao México, mas se desculpou perante os mexicanos que consideraram que ele não disse a verdade. "Decididamente eu não minto", disse Fox, em entrevista hoje pela televisão, em que prometeu que a nova política externa mexicana manterá seu enfoque nos assuntos relacionados com os direitos humanos. Na segunda-feira, Fidel divulgou a gravação de um telefonema em que Fox lhe pedia insistentemente que abandonasse uma reunião de cúpula realizada em março em Monterrey, no norte do México, depois que o presidente cubano pronunciasse seu discurso no encontro. Fox também pediu a Fidel que evitasse criticar os EUA ou o presidente americano, George W. Bush. Tanto Fox como seu ministro de Relações Exteriores, Jorge Castañeda, negaram ter pressionado Fidel. Ambos rejeitaram com veemência a hipótese de que os EUA lhes tenham pedido que evitasse que Fidel se encontrasse com Bush durante a cúpula sobre financiamento aos países em desenvolvimento. O governo mexicano criticou Fidel por ter divulgado a gravação, na qual se escuta o líder cubano prometendo que manterá em segredo a conversação. "O que faço é cumprir minha palavra, o que faço é honrar os compromissos que fiz, neste caso com o senhor Fidel Castro: honrar o compromisso que nós dois assumimos, de não tornar pública esta gravação", disse Fox, entrevistado na cidade litorânea de Acapulco, pela rede de televisão a cabo Multivisión. Desde a divulgação da fita, no entanto, Fox vem enfrentando internamente uma forte ofensiva da oposição no Congresso e críticas da opinião pública mexicana, devido ao teor da conversa: nela, o mandatário mexicano pede claramente a Fidel - ao contrário do que vinha afirmando - que deixe antecipadamente o encontro da ONU para não encontrar Bush. A popularidade do presidente, segundo pesquisa do jornal mexicano Reforma, caiu de 63% em 10 de abril para 53% anteontem. No Congresso, a oposição - que tem maioria - pediu explicações a Fox e um grupo de deputados oposicionistas protestou diante da residência presidencial para pedir a demissão do ministro de Relações Exteriores, a quem responsabilizam pela crise. Ao mesmo tempo, em sua entrevista em Acapulco, Fox disse que está modificando a política exterior mexicana "de modo radical", como o primeiro presidente do México surgido de um partido opositor.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.