Fox pede a Bush acordo sobre imigrantes já

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Por Agencia Estado
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Conhecido até agora mais por seu talento para criar expectativas do que para administrá-las e satisfazê-las, o presidente do México, Vicente Fox, surpreendeu nesta quarta-feira seu anfitrião na Casa Branca e seus próprios assessores ao desafiar o presidente George W. Bush a negociar, até o fim deste ano, um acordo para regularizar a situação dos mais de 3 milhões de imigrantes mexicanos que vivem e trabalham ilegalmente nos Estados Unidos. Primeiro hóspede oficial de Bush, Fox lançou seu inesperado repto depois de ser calorosamente recebido nos jardins da Casa Branca pelo presidente americano e ouvir dele que "não há, para os Estados Unidos, nenhuma relação mais importante do que a temos com o México". Deixando de lado seu discurso, Fox disse que quer um acordo que reconheça "acima de tudo, o valor dos imigrantes como seres humanos cujo trabalho duro é uma contribuição diária para a prosperidade" dos Estados Unidos. "Por essa razão, precisamos e podemos chegar a um acordo antes do fim deste ano que permitará, antes do fim de nossos respectivos mandatos, que nenhum mexicano entre ilegalmente nos Estados Unidos", disse ele, num discurso em que não deixou dúvidas de que o sucesso de seu governo depende da opção que fez por uma franca e assumida política de aproximação e cooperação com Washington. Bush persegue o mesmo objetivo de Fox, em parte porque reconhece a importância dos imigrantes mexicanos para o funcionamento da economia dos EUA, em parte porque conta com a ajuda de seu carismático colega mexicano para consolidar uma base de apoio na crescente fatia hispânica do eleitorado americano, da qual pode depender sua reeleição em 2004. Mas seis meses de negociações preliminares não produziram maiores progressos e ajudaram a despertar uma intensa oposição à idéia de uma anistia aos imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA. Para embaraço do presidente americano, estão em seu próprio Partido Republicanos as vozes mais estridentes contra uma reforma radical das leis de imigração, que Fox deseja. Altos funcionários americanos haviam deixado claro que as mudanças, embora desejáveis, acontecerão lentamente e, em hipótese alguma, estarão negociadas antes da próxima eleição para o Congresso, em novembro do ano que vem. Fox levará sua pregação em favor da legalização e do respeito aos imigrantes mexicanos nos EUA ao Congresso, onde discursará. Em seu discurso de boas vindas a Fox, Bush reforçou a noção de que vê a evolução das relações dos Estados Unidos com o resto do continente pelo prisma do diálogo privilegiado que estabeleceu com o México. "Ambos os nossos governos compartilham um grande projeto, um hemisfério ocidental plenamente democrático, que aumenta em prosperidade, comercia em liberdade", disse. "Alguns descreveram o século passado como o século americano; agora, olhando para a frente, temos a chance de construir o Século das Américas, no qual todos os nossos povos, norte e sul, encontrem a bênção da liberdade." Além de elevar a relação entre os EUA e o México a um novo patamar, Bush e Fox assinaram uma declaração anunciando acordos em várias áreas, como o combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro e a cooperação em política energética.

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