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Fracassa ofensiva de Bush junto a aliados

Por Agencia Estado
Atualização:

No esforço diplomático para obter apoio em um possível ataque ao Iraque, o presidente americano, George W. Bush, conversou nesta sexta-feira, por telefone, com os líderes de França, Rússia e China - respectivamente, Jacques Chirac, Jiang Zemin e Vladimir Putin. Os três países, ao lado dos EUA e da Grã-Bretanha, são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e têm poder de veto sobre as resoluções da entidade. As conversas, no entanto, parecem ter sido pouco produtivas na intenção de convencer os aliados de Washington sobre a necessidade de um ataque. Chirac deu um certo alento a Bush ao concordar com ele que a comunidade internacional deve "atuar com determinação". Mas reiterou a posição francesa repetida à exaustão nos últimos dias: corresponde somente à ONU, e a ninguém mais, qualquer decisão de adotar medidas de represália contra Bagdá. Segundo o Kremlin, Putin reafirmou a Bush que a questão iraquiana tem "amplas possibilidades" de ser resolvida politicamente. O presidente russo disse também que "duvidava muito que o recurso à força militar possa ser justificado". "Tanto do ponto de vista do direito internacional quanto das possíveis conseqüências negativas para a situação no Golfo Pérsico, será difícil reunir argumentos em favor da intervenção militar", acrescentou um porta-voz do governo russo. Em Pequim, as autoridades chinesas não comentaram a chamada telefônica de Bush, mas a posição do governo da China tinha sido reiterada na véspera pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Kong Quan. Segundo ele, a China se opõe com vigor a qualquer ação militar americana no Iraque, mas insiste na necessidade da retomada das inspeções de armas da ONU, suspensas em 1998, depois de Bagdá expulsar os inspetores acusando-os de espionar para os EUA. Na véspera de reunir-se com Bush, neste sábado, em Camp David, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, também telefonou para Chirac, Putin e Zemin tentando convencê-los a apoiar uma ação contra o Iraque. Em resposta, ouviu dos líderes argumentos semelhantes aos que tinham expressado ao presidente americano. Nesta quinta-feira à noite, Blair conversou com os primeiros-ministros de Espanha e Itália - José María Aznar e Silvio Berlusconi - também para discutir a questão iraquiana. Blair é o único líder europeu a manifestar apoio irrestrito à intenção de Bush de atacar militarmente o Iraque para remover Saddam Hussein do poder. A maioria dos britânicos, no entanto, tem demonstrado bem menos disposição de derramar seu sangue pelas convicções americanas. As últimas pesquisas demonstram que mais de 70% dos britânicos são contrários a uma ação militar sem o aval da ONU. Blair é a antítese do chanceler alemão, Gerhard Schroeder, que nesta sexta reiterou que a Alemanha não está disposta a apoiar qualquer ataque ao Iraque, ainda que seja aprovado por uma resolução da ONU. O discurso antiguerra tem rendido dividendos eleitorais a Schroeder, às vésperas das eleições parlamentares alemãs do dia 22.

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