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França acusa o Irã de estar por trás de atentado frustrado perto de Paris

Fonte diplomática francesa diz que investigação 'ampla, precisa e detalhada' dos serviços secretos do país determinou que ministério da Inteligência iraniano articulou ataque contra reunião de opositores nos arredores de Paris em junho; Teerã nega

Atualização:

PARIS - A França acusou nesta terça-feira, 2, o ministério da Inteligência do Irã de estar por trás de um atentado desarticulado em junho contra uma reunião de opositores iranianos perto de Paris, o que Teerã nega, e congelou ativos iranianos em território francês.

"Uma investigação ampla, precisa e detalhada de nossos serviços (...) concluiu, de forma inequívoca, a responsabilidade do ministério da Inteligência neste projeto de ataque" contra um encontro dos Mujahedines do Povo Iraniano (MEK), declarou, sob condição de anonimato, uma fonte diplomática francesa. 

Iranianos celebram a eleição de Maryam Rajavi para a presidência do Conselho Nacional da Resistência do Irã, durante reunião em Villepinte, em junho Foto: REUTERS/Regis Duvignau

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Horas antes, o governo francês anunciou ter congelado ativos de dois iranianos e dos serviços de Inteligência do Irã, em resposta à tentativa de ataque de Villepinte - Rudy Giuliani, advogado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e diversos ex-ministros europeus e árabes estavam presentes no evento.

"Este ato de extrema gravidade previsto em nosso território não podia ficar sem resposta", disseram em uma declaração conjunta os ministros franceses do Interior, das Relações Exteriores e da Economia.

"Ao tomar esta decisão, a França ressalta sua determinação de lutar contra o terrorismo em todas as suas formas, em particular em seu próprio território", acrescentaram.

Um dos responsáveis punidos é Assadollah Assadi, um diplomata iraniano detido na Alemanha em julho por seu suposto envolvimento no atentado frustrado.

O congelamento de ativos de Assadi e do também iraniano Saeid Hashemi Moghadam, assim como da Direção de Segurança Interna do Ministério de Inteligência iraniana, entrou em vigor nesta terça-feira e será válido por seis meses.

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O governo do Irã negou as acusações francesas. "Mais uma vez desmentimos de modo veemente estas acusações, condenamos a detenção do diplomata e pedimos sua libertação imediata", afirmou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Bahram Ghassemi. Ele apontou que o MEK orquestrou o suposto complô para desacreditar o presidente iraniano, Hassan Rohani.

As medidas tomadas por Paris podem ter importantes repercussões diplomáticas em um momento em que a França tenta salvar o acordo de 2015 com o Irã para limitar seu programa nuclear em meio a grandes tensões no Oriente Médio.

Em paralelo, cerca de 200 policiais lançaram nesta madrugada uma operação antiterrorista em um dos maiores centros xiitas da Europa, o Centro Zahra França, bem como nas casas de seus líderes no norte do país.

Um total de 11 pessoas foram interrogadas e três detidas, informaram fontes da segurança. Além disso, os ativos do centro foram congelados.

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As autoridades justificaram a operação, afirmando que os líderes da associação forneceram "forte apoio a várias organizações terroristas". No entanto, não estabeleceram qualquer ligação direta com a tentativa de ataque de junho.

O Centro Zahra na França foi fundado em 2009 por Yahia Gouasmi, conhecido por suas opiniões antissionistas e seus laços com o Irã. Em seu site, a associação diz que seu objetivo é "tornar a mensagem do Islã conhecida pelos olhos do Profeta e sua família".

A França está em alerta máximo desde 2015, após uma onda de ataques islâmicos em que 246 pessoas perderam a vida. / AFP e REUTERS

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