PUBLICIDADE

França, Alemanha e Rússia rejeitam plano de Blair

Por Agencia Estado
Atualização:

França, Alemanha e Rússia rejeitaram terminantemente uma proposta britânica de apresentar ao Conselho de Segurança (CS) da ONU uma resolução com uma relação de seis exigências para o governo iraquiano cumprir no curto prazo, sob pena de intervenção militar. Os três países defendem a continuidade do programa de inspeções da ONU no Iraque e se negam a endossar uma moção que deixe o caminho aberto para a guerra. França e Rússia ameaçam vetar a resolução. Os 15 membros do CS se reuniram hoje a portas fechadas, para consultas internas. Diante do impasse, a Casa Branca indicou hoje que poderá adiar para a semana que vem o envio da nova resolução - co-patrocinada pela Grã-Bretanha e Espanha - e o secretário de Estado, Colin Powell, admitiu que ela pode nem ser submetida ao CS. Powell afirmou que os EUA podem ir à guerra com base na autoridade dada por resoluções prévias, sobre a obrigação do Iraque em desarmar-se, entre as quais a última delas, a 1.441, aprovada em novembro. Essa moção ameaça o governo iraquiano com ?sérias conseqüências? se não eliminar todas as suas armas de destruição em massa. A sugestão de emenda à proposta de resolução, formulada pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, exigia um pronunciamento do presidente do Iraque, Saddam Hussein, na TV de seu país para admitir ter armas de destruição em massa e renunciar a elas; a permissão de viagem para Chipre de 30 cientistas-chave do programa armamentista iraquiano, para serem entrevistados por inspetores da ONU, e a destruição imediata de 10 mil litros de antraz e outros agentes químicos e biológicos que o país é acusado de manter. Antes do início da reunião de hoje no CS, a Grã-Bretanha retirou de sua lista de exigências o pronunciamento. Além disso, diplomatas britânicos se reuniram com representantes dos seis países indecisos sobre a votação - Chile, México, Paquistão, Guiné, Camarões e Angola. Essas seis nações anunciaram que levarão ao CS uma proposta própria, que inclui uma lista de tarefas para Saddam, com um prazo realista para seu cumprimento. Não haverá recurso automático ao uso da força. Entre os demais, apenas Bulgária e Espanha declararam seu apoio à resolução. Síria e Alemanha votarão contra. A China se opõe ao uso da força, mas não indicou se vai abster-se ou vetar a proposta. A rádio estatal da Guiné - que preside atualmente o CS - informou que o país pode abster-se enquanto o presidente do Chile, Ricardo Lagos, negou ter-se comprometido a endossar a resolução. "O voto do Chile não está definido", garantiu. Em resposta, o chanceler da França, Dominique de Villepin, disse serem "inaceitáveis" as exigências de Blair, uma vez que elas ainda continuam tendo como premissa a idéia de impor um ultimato ao Iraque. "Nós queremos uma solução e estamos buscando consenso dentro do Conselho de Segurança. Tudo deve ser tentado para preservar a unidade do Conselho e nós estamos trabalhando nessa direção. A França chama seus opositores a agarrar esta oportunidade", disse Villepin. "Não podemos aceitar as propostas britânicas porque elas estão baseadas na lógica da guerra, na lógica do recurso automático à força." Seu colega russo, o chanceler Igor Ivanov, reiterou que seu país também votará contra qualquer moção que abra caminho para a guerra. Fontes diplomáticas em Bagdá disseram hoje que o Iraque iria enviar amanhã à ONU um relatório sobre do destino dado ao gás VX e à bactéria antraz - ambos usados como armas de destruição em massa. O país alega ter destruído todos os seus estoques.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.