França, Alemanha, Rússia e China propõem alternativa à ONU

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Por Agencia Estado
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França, Alemanha e Rússia apresentaram ao Conselho de Segurança (CS) da ONU um memorando com nova proposta para o desarmamento do Iraque, opondo-se à resolução levada pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Espanha, cujo texto, se aprovado, abrirá as portas para a guerra contra o Iraque. A sugestão dos franceses, russos e alemães privilegia o prosseguimento do trabalho dos inspetores. Segundo fontes diplomáticas na ONU, a China - contrária ao uso da força contra o Iraque - manifestou seu apoio ao memorando. O anúncio foi feito de forma solene na noite anterior pelo presidente da França, Jacques Chirac, tendo a seu lado seu anfitrião, o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, num restaurante de nome sugestivo de Berlim - A Última Instância -, onde os dois governantes e seus ministros do Exterior, o francês Dominique de Villepin e o alemão Joschka Fischer, estiveram reunidos para discutir a crise iraquiana. O presidente francês foi categórico ao afirmar: "Alemanha e França não são favoráveis a uma nova resolução da ONU sobre o Iraque." Mais do que nunca, os governos dos dois países estão unidos, afirmou Schroeder. Eles contam também com o apoio da Rússia, do presidente Vladimir Putin, consultado por telefone, por Chirac. As novas propostas, segundo Chirac, "fixam os prazos de desarmamento do Iraque, programa por programa". O memorando propõe aumentar o número de inspetores de armas no Iraque e dar-lhes mais equipamentos sofisticados. Essas equipes teriam de apresentar relatórios sobre seu trabalho a cada três semanas. Além de reafirmar a oposição desses três países a uma segunda resolução da ONU, o presidente Chirac explicou, falando em nome do chanceler alemão e do presidente russo: "Nós não vemos nenhuma razão para mudar a lógica de paz, desviando-a para uma lógica de guerra." Ele acredita que o objetivo do desarmamento poderá ser alcançado "por via pacífica, a das inspeções". O presidente francês salientou ainda que o desarmamento envolve armas de destruição em massa que eventualmente o Iraque ainda possa deter. Explicando as razões que levaram esses países a se oporem à nova resolução americana, o chanceler francês lembrou que "a tentação de um mundo unipolar, do recurso à força, não pode contribuir para a estabilidade". Segundo ele, nenhum país pode pretender solucionar sozinho o conjunto das crises, razão pela qual a opção da comunidade internacional, inclusive dos EUA, através da resolução 1.441, deve ser levada até o fim. Coincidentemente, o apoio da China veio à tona logo após a visita do secretário americano de Estado, Colin Powell, a Pequim. De acordo com a agência estatal Nova China, o chanceler Tang Jiaxuan disse a Powell que, para a maioria da comunidade internacional, incluindo a China, é mais importante agora continuar com as inspeções do que discutir uma nova resolução. Analistas políticos estão convencidos que Pequim não utilizará seu direito de veto contra a resolução americana.

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