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França amplia orçamento da Defesa em 6 bilhões

Objetivo é combater a ameaça de células terroristas; redução do efetivo das ForçasArmadas será menor

Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Ameaçada pelos grupos terroristas Estado Islâmico e Al-Qaeda, a França ampliará em € 6 bilhões o orçamento do Ministério da Defesa para fazer frente ao risco de atentados e manter sua força de intervenções exterior. O anúncio foi feito pelo presidente François Hollande ontem, em Paris, e obrigará o governo a fazer novos cortes equivalentes em outras áreas. Do valor total, € 3,8 bilhões serão alocados apenas para o combate ao terrorismo até 2019. O objetivo é manter ativos os 7 mil homens dos contingentes mobilizados em urgência desde 7 de janeiro, após o atentado à revista Charlie Hebdo, que contribuem para a segurança interna fazendo patrulhamento de locais de culto, escolas, transportes e pontos turísticos na chamada Operação Sentinela. Serão poupadas 18,5 mil das 34,5 mil vagas que seriam extintas até 2019 nas Forças Armadas.Hollande prometeu ainda que todos os € 31,4 bilhões do orçamento do Ministério da Defesa para 2015 serão de fato empenhados e usados, sem contingenciamentos. "O Ministério da Defesa está certo de que poderá usar todos seus créditos", afirmou o chefe de Estado, que disse estar tirando as lições dos atentados de Paris em 7, 8 e 9 de janeiro, que deixaram 17 mortos, além dos 3 terroristas. O objetivo do governo ao reforçar o caixa da Defesa é ampliar os recursos do ministério para setores como ciberdefesa, espionagem e Aeronáutica, em especial com a aquisição de aviões não tripulados (drones).Apesar da injeção de investimentos, o valor ainda fica abaixo do que era requisitado pelo Ministério da Defesa - um total de € 8 bilhões. A diferença foi mantida para que a meta de chegar ao máximo de 3% de déficit público por ano até 2017 seja cumprida. O objetivo foi fixado em compromisso com a União Europeia, e não respeitá-lo poderia resultar em sanções de Bruxelas contra as finanças francesas.O aumento extraordinário do orçamento militar rompe com anos de redução nas despesas na área, uma tendência também verificada nos EUA, na Grã-Bretanha e na Alemanha. Segundo dados do jornal Le Monde, a queda na França chegou a 20% em 25 anos. Até o anúncio de ontem, o Palácio do Eliseu previa investir 2,20% do PIB em gastos militares - o segundo maior porcentual entre todos os ministérios, perdendo apenas para a educação, que em 2015 terá um total de € 47,4 bilhões em investimentos. O patamar é o mesmo dos britânicos, um pouco superior ao da China (2,06%).

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