França anuncia nova fase de buscas a caixas-pretas do voo AF 447

Dois navios com sonares e robôs vasculharão área de 2 mil quilômetros quadrados.

PUBLICIDADE

Por Daniela Fernandes
Atualização:

A terceira fase de buscas submarinas das duas caixas-pretas do voo 447 da Air France vai começar em meados de março e será a "operação da última chance" para tentar localizar os objetos fundamentais para descobrir as causas do acidente, afirmou nesta quarta-feira Jean-Paul Troadec, diretor do BEA, órgão francês que investiga a catástrofe. O Airbus da Air France caiu no oceano Atlântico em 31 de maio (pelo horário brasileiro) com 228 pessoas a bordo, após decolar do Rio de Janeiro. Dois navios, um americano e um norueguês, equipados com quatro sonares e dois robôs, vão vasculhar uma área de 2 mil quilômetros quadrados ao noroeste da última posição conhecida do avião antes da queda, a cerca de 1,2 mil quilômetros da costa brasileira, informou o diretor do BEA. "Estamos utilizando os equipamentos mais sofisticados do mundo. Essa é uma das operações de busca mais complexas já realizadas até hoje. Não podemos fazer melhor do que isso", afirmou Troadec. Vários equipamentos pertencem à Marinha americana. A área da nova zona de buscas possui cerca de 3,8 mil metros de profundidade. Especialistas internacionais, um deles em buscas submarinas de fuselagens de aviões, e também técnicos da Airbus, fabricante do avião, e da Air France estarão a bordo dos navios. Dificuldades Troadec reconhece que apesar da sofisticação dos meios utilizados, as dificuldades da operação permanecem grandes. "Primeiro, precisamos achar o palheiro. Depois é que vamos procurar a agulha", declarou. A nova área de buscas da fuselagem do avião foi reduzida em quase dez vezes em relação à fase anterior, que vasculhou 17 mil quilômetros quadrados no Atlântico. Isso foi possível em razão dos inúmeros estudos oceanográficos realizados nos últimos meses por especialistas de dez institutos internacionais. Eles analisaram o movimento das correntes, dos ventos e uma série de fatores técnicos para reconstituir a trajetória dos destroços do avião e delimitar a área de buscas da fuselagem. Financiamento Segundo o diretor do BEA, a terceira fase de buscas deverá durar quatro semanas, até meados de abril, mas poderá ser prolongada se toda a área não puder ter sido analisada. "Vamos até o fim nessa operação. Não vamos parar brutalmente após quatro semanas. Se for necessário, vamos encontrar financiamentos suplementares", disse Troadec. A terceira fase de buscas vai custar 10 milhões de euros, financiados pela Air France e pela Airbus. As duas primeiras operações já custaram cerca de 8,5 milhões de euros, segundo o diretor do BEA. "Se não encontrarmos as caixas-pretas do avião, não poderemos ir além nas investigações sobre as causas do acidente", declarou Troadec. Até o momento, os investigadores do BEA afirmaram que houve falhas nos sensores de velocidade do avião, mas que isso seria "um elemento, mas não a causa do acidente". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.