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França apóia "globalização solidária"

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo da França está disposto a apoiar todos os esforços da comunidade internacional pela "globalização solidária", tese defendida com insistência pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro-ministro Lionel Jospin está convencido de que o tema merece uma reflexão bem mais profunda. Ele pretende acompanhar de perto as propostas do governo brasileiro, até mesmo as que reivindicam uma maior participação dos países emergentes nos centros decisórios internacionais, entre eles, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas reforçando também a posição do G-20, do qual o Brasil faz parte. Isso ficou claro, segundo informações recolhidas no hotel Matignon, durante o jantar restrito oferecido por Jospin a Fernando Henrique e que reuniu também ministros e colaboradores dos dois governos. Entre eles, estavam o ministro da Educação da França, Jack Lang, e os ministros brasileiros das Relações Exteriores, Celso Lafer; Comunicações, Pimenta da Veiga; e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Aloysio Nunes Ferreira, futuro ministro da Justiça. Ao todo, 18 convidados. A França apóia, por exemplo, a busca de mecanismos que possam reduzir a especulação cambial que penaliza os países emergentes. Segundo a exposição feita por Jospin a Fernando Henrique, não existem diferenças de fundo entre as posições dos grandes países europeus, como França, Alemanha e Grã-Bretanha. O chefe do governo francês revelou ao presidente brasileiro que a solidariedade do país aos EUA não é diferente da das demais nações européias. A França está convencida da necessidade de erradicar o terrorismo - todos os atores da comunidade internacional têm necessidade de participar dessa luta e da repressão aos circuitos financeiros que alimentam as redes terroristas. Mercosul A posição francesa sobre o Mercosul ficou bem clara na conversa de hoje. O governo francês sempre considerou o Mercosul, mesmo enfrentando atualmente grandes dificuldades, como um "espaço de progresso" na região e um instrumento pelo qual se poderá harmonizar os espaços de cooperação para o desenvolvimento econômico e social. O governo francês apóia também a política brasileira de acesso aos remédios genéricos, especialmente os destinados a portadores do vírus HIV. Segundo assessores de Jospin, as idéias do governo brasileiro ficaram marcadas em todo o mundo. Os dirigentes franceses informaram que a delegação da França está disposta a levantar esse tema em Doha, no Qatar, em novembro. Como se vê, exceção do contencioso agrícola, existe uma certa identidade de pontos de vista no plano internacional entre a França e o Brasil. O encontro de FHC com o presidente Jacques Chirac, o outro lado da moeda da coabitação francesa, na quarta-feira antes de partir para o Brasil, será mais uma ocasião para se constatar essa evolução favorável. Nesta terça-feira, Fernando Henrique almoça cedo para estar às 14 horas na Assembléia Nacional, onde será recebido pelo presidente da Casa, o socialista Raymond Forni. Antes mesmo de discursar da tribuna, por onde passaram poucos chefes de Estado e de governo estrangeiros, entre eles, o rei da Espanha, Juan Carlos, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, ele fala aos jornalistas. Após o discurso, o presidente brasileiro será homenageado num coquetel no hotel Lassay, residência do presidente da Assembléia Nacional.

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