PUBLICIDADE

França completa 6 meses em emergência por terrorismo

Regime de exceção foi decretado horas depois dos ataques de 13 de novembro, que deixaram 130 mortos

Por Andrei Netto CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

A França completa hoje seis meses em estado de emergência, o regime de exceção marcado pelo maior esquema de segurança da Europa Ocidental e pelo arsenal de leis antiterror mais repressivo do continente. Trata-se de uma reação aos atentados de 13 de novembro em Paris e Saint-Denis, que deixaram 130 mortos. Para o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, o aparato é necessário porque a ameaça persiste e é “muito elevada”.

PUBLICIDADE

O regime de exceção foi renovado pela segunda vez e vai vigorar pelo menos até 26 de julho, após a final da Eurocopa 2016, o torneio de seleções que acontecerá no país. Desde que foi implementada, a medida ampliou os poderes da polícia, do Ministério Público e da Justiça para investigar e combater células terroristas do grupo jihadista Estado Islâmico em solo francês.

Além das medidas já previstas no estado de emergência, a Comissão Mista do Parlamento da França aprovou na quinta-feira novos dispositivos para lutar contra o crime organizado, o terrorismo e o financiamento de atividades criminosas no país. O texto será votado na Assembleia Nacional e no Senado até 25 de maio e, ao entrar em vigor, consolidará disposições do regime de exceção, como a prisão domiciliar de até um mês pessoas que tenham integrado grupos terroristas na Síria e no Iraque, ou a prisão de até quatro horas, sem advogado, de qualquer pessoa sobre a qual pairem suspeitas de “comportamento ligado à atividade terrorista”.

Segundo o ministro da Justiça, Jean-Jacques Urvoas, o texto “atualiza os meios de prevenção e de luta contra o crime organizado e o terrorismo”. “Ele garante uma melhor detecção e gestão da radicalização”, disse.

A preocupação do governo é com as perspectiva de que os atentados se repitam. Nos seis meses de estado de emergência, o controle de fronteiras foi retomado e 17,5 mil pessoas foram impedidas de entrar no território – no período, 33 milhões de pessoas passaram por controle de identidade nos pontos de entrada no país.

“Estamos fazendo tudo para proteger a França”, assegura Cazeneuve, que contabiliza 15 planos de atentados desbaratados desde 2013. O ministro justifica as medidas pelo risco. “A ameaça continua muito elevada”, diz. ONGs como a Anistia Internacional, entretanto, denunciam os excessos da luta interna contra a ameaça representada pelo EI na França.

O certo é que nas ruas de Paris a ameaça terrorista é recorrente no discurso de muitos parisienses e a queda no número de turistas é um reflexo internacional. Em abril, a queda na reserva de hotéis foi de 19,6%, segundo Vanguelis Panayotis, diretor de desenvolvimento da consultoria MKG. “Faz ao menos 15 anos que não temos uma baixa tão clara em Paris”, afirma

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.