França conclui que explosão de petroleiro foi ataque

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Por Agencia Estado
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Resultados preliminares de uma investigação sobre a explosão de um petroleiro francês na costa do Iêmen sugerem a possibilidade de um ataque deliberado, informou o Ministério do Exterior da França. Mais cedo, depois de insistir por dias em que a explosão fora um acidente, o governo do Iêmen admitiu que pode ter sido um atentado terrorista. Um tripulante húngaro morreu na explosão. Outros 90 ficaram feridos. Também nesta quinta, o diário em língua árabe Asharq al-Awsat divulgou ter recebido um comunicado de um grupo fundamentalista no Iêmen assumindo responsabilidade pela explosão de domingo no petroleiro na costa iemenita. Segundo o jornal, o Exército Islâmico Aden-Abyan, um grupo militante oposto à presença de estrangeiros no Iêmen e acusado de promover vários seqüestros e atentados à bomba contra estrangeiros, afirmou que cometeu o ataque para vingar a execução de um de seus líderes, Zein al-Abidine al-Mihdar. Al-Mihadar foi executado por sua participação no sequestro de 16 turistas ocidentais em 1998. Quatro dos turistas morreram durante uma fracassada tentativa de resgate feita por forças governamentais. Enquanto agentes antiterroristas da França e do Iêmen inspecionavam nesta quinta o petroleiro, o ministro do Transporte Marítimo iemenita, Saeed Yafaei, responsável pelas investigações, reconhecia que "as portas estão abertas para todas as possibilidades e estamos atrás da verdade". Um funcionário do governo do Iêmen, que pediu para não ser identificado, disse que a explosão e o incêndio a bordo do petroleiro Limburg poderia ter sido uma ação cuidadosamente planejada. As investigações estão sendo um esforço conjunto franco-iemenita. Os EUA enviaram uma equipe da Marinha para ajudar nos trabalhos. "Não podemos ainda dizer se foi ou não um ato terrorista", afirmou hoje o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher. Ele não descartou que tenha sido um atentado, mas adiantou que qualquer conclusão partirá dos investigadores franceses e iemenitas. O Limburg estava na costa de Hadramout, um bastião do Exército Islâmico Aden-Abyan e de outros grupos militantes, quando ocorreu a explosão. Houve notícias de que um barco pesqueiro se aproximou do petroleiro antes da explosão. O capitão do petroleiro, Hubert Ardillon, disse na última terça-feira à Associated Press que um de seus tripulantes percebeu a aproximação do pesqueiro. Nesta quinta, Jean-Francois Perrouty, um investigador francês no Iêmen disse à emissora de TV France-3 que foram encontrados pequenos pedaços de fibra de vidro "que é usada para construir barcos de lazer e, no Iêmen, pequenos pesqueiros". Os pedaços estavam no convés do petroleiro, junto com estilhaços de metal. "Não existia razão para eles estarem lá", opinou Perrouty. A inteligência dos EUA acredita que o Exército Islâmico Aden-Abyan tenha vínculos com a Al-Qaeda. O grupo, liderado por Abu Hamzu al-Masri, um clérigo de uma mesquita britânica, é formado por combatentes iemenitas e outros árabes que, como o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, ajudaram a expulsar os soviéticos do Afeganistão em 1989. Muitos dos árabes afegãos do Iêmen teriam sido recrutados por Bin Laden, cujo pai nasceu na província iemenita de Hadramout. Autoridades americanas têm destacado as similaridades entre o ataque de domingo e o atentado de outubro de 2000 contra o navio de guerra USS Cole no Iêmen, no qual um bote carregado com explosivos bateu no destróier matando 17 militares americanos. O atentado foi atribuído à Al-Qaeda.

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