França deve liderar forças de paz; Itália prevê mecanismo de rodízio

D´Alema afirmou que a Itália está disposta a assumir em algum momento o comando da Finul, reforçada segundo resolução do Conselho de Segurança

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Por Agencia Estado
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A França comandará a Força Interina da ONU para o Líbano (Finul) pelo menos até fevereiro de 2007, quando a organização internacional vai decidir quem assumirá o trabalho, afirmou o ministro de Relações Exteriores da França, Philippe Douste- Blazy. O comando das forças de paz deverá ser rotativo, segundo o premiê italiano Massimo D´Alema "Teremos o comando até o mês de fevereiro de 2007. Depois, as Nações Unidas vão decidir quem continua o trabalho", afirmou o chefe da diplomacia francesa. Paris enviará mais 1.600 soldados à região para contribuir com o reforço da Finul ordenado pela resolução 1.701 da ONU, segundo o presidente francês, Jacques Chirac. Douste-Blazy negou que tenha havido uma disputa com a Itália pelo comando da força e garantiu que os dois países "trabalham lado a lado" desde o início da crise. Horas antes da reunião dos chefes da diplomacia dos países da União Européia com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o ministro francês pediu a seus colegas que anunciem o número de soldados que estão dispostos a enviar. "Nós teremos 2 mil, é um esforço significativo. Espero agora que nossos parceiros europeus digam quantos vão levar", disse Douste-Blazy. Rodízio A Itália prevê um "mecanismo de rodízio" à frente da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) e a criação de uma "estrutura de direção intermediária" entre a célula estratégica da ONU e o comando operacional atuante em território libanês, afirmou o ministro de Exteriores italiano, Massimo d´Alema. O chefe da diplomacia italiana afirmou ao jornal francês "Le Monde" que "a experiência demonstra que não funciona" a relação direta entre a direção estratégica e o comando no teatro de operações, por isso é necessário "um comando interativo". D´Alema afirmou que a Itália está disposta a assumir em algum momento o comando da Finul, reforçada segundo a resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU. "Se a Itália envia 3.000 soldados ao Líbano, poderá, em um dado momento, querer assumir o comando da Finul ampliada", assegurou o ministro italiano, que hoje se reunirá com os ministros de Exteriores da União Européia (UE) e com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para discutir a composição da Finul. O chefe da diplomacia italiana negou que a Itália tenha reivindicado o comando da força e afirmou que sua pretensão é "simplesmente estar ali com a Europa e em nome da Europa". "A Itália se vê ao lado da França e da Espanha, como três países mediterrâneos mobilizados na vanguarda da Europa", assegurou. D´Alema ressaltou as diferenças entre a situação do Líbano e a do Iraque, país do qual a Itália retirou suas tropas após a chegada da centro-esquerda ao Governo. "São dois casos diferentes. Neste estamos dentro da legalidade internacional. Vamos ao Líbano para restaurar a paz, não para ocupar o país, e em pleno acordo com o Governo libanês eleito", assegurou. "O Iraque é uma tragédia e os projetos (americanos) do ´novo Oriente Médio´, um desastre. Os Estados Unidos necessitam da Europa desta vez. É preciso ajudar o país e aproveitar para tentar mudar sua perspectiva. É uma ocasião que a Europa deve assumir unida, enquanto na Guerra do Iraque estávamos divididos", disse. Para D´Alema, a reunião de ministros de Exteriores europeus deve gerar "uma declaração segundo a qual a UE apoiará a resolução 1.701 e convidará os membros a dar sua contribuição" à Finul. "O compromisso da União em si mesmo pode ser decisivo para convencer outros membros do Conselho de Segurança", afirmou.

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