França e Alemanha fazem esforço para reduzir tensão na Ucrânia

Presidente francês, Emmanuel Macron, se reúne com russo Vladimir Putin, em Moscou, enquanto chanceler alemão, Olaf Scholz, se encontra com Joe Biden, nos EUA

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

PARIS - O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, iniciaram nesta segunda-feira, 7, um esforço diplomático para inserir a Europa nas discussões e tentar reduzir a tensão na Ucrânia. Macron se reuniu em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, enquanto Scholz se encontrou com o americano Joe Biden, na Casa Branca.

PUBLICIDADE

No Kremlin, após mais de cinco horas de conversa, Macron prometeu intensificar os contatos diplomáticos e demonstrou otimismo. “Tenho certeza de que vamos conseguir um resultado, mesmo que não seja fácil”, disse o francês, que tenta assumir um protagonismo na crise a apenas dois meses antes das eleições presidenciais na França. 

Ao seu lado, Putin voltou a negar que tenha planos de invadir a Ucrânia, mesmo após mobilizar mais de 100 mil soldados na fronteira. No entanto, ele adotou um tom mais ameaçador com relação aos países da Otan. “Se uma guerra eclodir, não haverá vencedores. Eles nem terão tempo para piscar os olhos”, disse o russo, que descreveu a conversa como “útil e substantiva”. 

Segundo ele, algumas das ideias de Macron podem formar uma base para medidas conjuntas. Os dois combinaram de voltar a conversar por telefone após a visita desta terça-feira do presidente francês a Kiev. “Algumas de suas propostas, sobre as quais ainda é cedo para falar, podem ser a base de nossos próximos passos”, afirmou Putin. 

Chanceler alemão, Olaf Scholz, se reúne com Biden (D) na Casa Branca; ofensiva diplomática da Europa Foto: Michael Reynolds/EFE/EPA

Liderança

A visita a Moscou deu a Macron a oportunidade de assumir um papel de liderança maior dentro da União Europeia e de dar corpo a sua visão de um bloco mais integrado, capaz de organizar sua própria segurança de maneira mais independente dos EUA. 

Nos próximos dias, o francês tem um duplo propósito: evitar uma guerra na Ucrânia e reduzir o ressentimento russo, causado pela rápida expansão da Otan para o leste, após o colapso da União Soviética. Macron pretende incluir a Rússia no sistema de segurança europeu, compensando a guinada de Putin na direção da China.

Publicidade

É uma tarefa difícil. “Há frustração nos países europeus, incluindo a Alemanha, com a tendência de Macron de seguir em frente e depois reclamar com eles por não fazerem nada”, disse Jeremy Shapiro, ex-funcionário do Departamento de Estado e diretor do Conselho Europeu de Relações Exteriores. “Isso o enfraquece.”

Scholz

Do outro lado do Atlântico, Scholz tinha missão de mudar a imagem de uma Alemanha com pouca disposição para enfrentar Putin. O chanceler saiu do encontro com Biden garantindo que estão na mesma página que os EUA e prometendo duras sanções econômicas contra a Rússia em caso de invasão da Ucrânia. 

Já Biden vem tentando desatar o nó que prende a Alemanha à Rússia: a dependência alemã das importações de gás natural russo, para manter casas aquecidas no inverno e suas indústrias funcionando. Scholz teme que, em caso de conflito, Putin feche as torneiras e deixe o país sem energia. Por isso, nos últimos dias, o governo americano vem tentando encontrar outros fornecedores para a Europa.

PUBLICIDADE

Nesta segunda-feira, Biden prometeu que o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha, não entrará em operação se Putin decidir invadir a Ucrânia. “Se tanques ou tropas cruzarem a fronteira ucraniana, não haverá mais Nord Stream 2”, disse o presidente, ao lado de Scholz. “Eu prometo a vocês que vamos acabar com isso.”

O Nord Stream 2, que ainda não foi aprovado pelas autoridades regulatórias, é criticado pelos verdes, parceiros dos social-democratas de Scholz na coalizão de governo. A obra do gasoduto, estimada em US$ 11 bilhões, dobraria a capacidade de fornecimento de gás russo para os alemães – mas também aumentaria a dependência que a Alemanha tem de Putin. /NYT, WP e REUTERS