França e EUA chegam a acordo sobre resolução da ONU

Os dois países anunciaram que o Conselho de Segurança votaria o texto mais tarde nesta sexta

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Por Agencia Estado
Atualização:

A França e os Estados Unidos chegaram a um acordo sobre um projeto de resolução final com o objetivo de terminar o conflito entre Israel e o Hezbollah, que já dura um mês, e anunciaram que o Conselho de Segurança votaria o texto mais tarde nesta sexta-feira. Segundo a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, a resolução concederia às forças pacificadoras das Nações Unidas no Líbano poderes legais sob o Capítulo 6 da Carta da ONU - ao que Israel se opôs anteriormente. Beckett disse, entretanto, que essa modificação seria feita para tornar as forças mais efetivas do que foram em seus 28 anos de permanência no sul do Líbano. De acordo com o rascunho de resolução, um novo contingente de 15 mil homens reforçaria a força de paz da ONU com o objetivo de permitir que o Exército libanês ocupe a região paralelamente à "retirada de Israel". As forças da ONU, conhecidas pela sigla Unifil, ajudariam a coordenar o posicionamento das tropas libanesas no sul, que está sob o controle das milícias do Hezbollah há anos. Então, os soldados israelenses que ocuparam a área em mais de quatro semanas de guerra recuariam. Cerca de 2 mil homens da Unifil estão estacionados no Líbano desde 1978. Segundo o texto, o mandato da força de paz incluiria vários pontos, entre eles: o monitoramento do cumprimento do cessar-fogo, o acompanhamento das tropas libanesas paralelamente à retirada de Israel e a garantia de que a ajuda humanitária consiga chegar à região. Os Estados Unidos e a França queriam originalmente que a Unifil se posicionasse sob o Capítulo 7 da Carta, que daria às tropas regras de engajamento ainda mais fortes. Mas o Líbano se opôs devido a temores de que estes poderes legais fariam os pacificadores parecerem ocupantes. Os dois lados enviaram o novo texto aos governos de Israel e do Líbano, mas um diplomata francês disse que a votação ocorrerá independentemente da reação de ambos. O Conselho deve votar o documento em horário próximo às 20 horas, disse a diplomata. Israel Segundo uma fonte próxima à cúpula do governo israelense, há uma "boa chance" de que Israel aceite a nova proposta de cessar-fogo. Se isto se confirmar, seria uma virada dramática na posição do governo israelense, que ordenou uma invasão terrestre massiva do sul do Líbano nesta sexta, mesmo enquanto o Conselho de Segurança da ONU deliberava sobre um proposto acordo de cessar-fogo. Israel, apoiado pelos Estados Unidos, está preocupado principalmente com o fato de que o Hezbollah não possa recuperar sua força no sul do Líbano depois que o fim das hostilidades seja colocado em prática. Washington apoiou a insistência de Israel de permanecer no sul do Líbano até que uma força internacional forte esteja em posição. Líbano O primeiro-ministro libanês, Fuad Saniora, também recebeu uma cópia do projeto, informaram funcionários do governo. Segundo eles, que não quiseram se identificar, Saniora estava estudando o documento e fazendo contatos com políticos de seu país para se aconselhar. O anúncio do texto veio depois de uma manhã de acaloradas negociações entre diplomatas, incluindo a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e Beckett, para acabar com as preocupações de ambos os lados. Um oficial americano em Washington, em condição de anonimato, disse que os Estados Unidos e a França imaginam um intervalo de 10 dias entre uma interrupção nas hostilidades e o momento das tropas UNIFIL entrarem em ação no sul. O acordo também considera um projeto de resolução da Rússia pedindo por um cessar-fogo humanitário de 72 horas no Líbano. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, expressou sua frustração pelo fato de que o conselho ainda teria que entrar em ação. "Eu acredito que já tivemos discussões o suficiente" disse. "As questões foram discutidas e agora é hora de tomar uma decisão, e eu espero que o conselho aja firmemente hoje". Mais de 800 pessoas morreram no conflito entre Israel e os guerrilheiros do Hezbollah, incluindo centenas de civis libaneses e dezenas de israelenses. Matéria alterada às 17h25 para acréscimo de informações

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