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França e EUA negociam resolução por cessar-fogo no Líbano

Estados Unidos esperam chegar a alguma solução até sexta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

Sob intensa pressão internacional para deter a luta entre Israel e o Hezbollah, França e Estados Unidos intensificam as negociações de uma resolução das Nações Unidas para exigir um imediato cessar-fogo e a definição de condições para uma paz duradoura entre Israel e o Líbano. A França, que vem encabeçando os esforços por uma solução diplomática e poderá liderar uma força internacional para estabilizar o sul do Líbano, fez circular, na noite de quarta-feira, uma versão revisada de uma proposta de resolução entre todos os membros do Conselho de Segurança. O embaixador da França na ONU, Jean-Marc de La Sabliere, disse nesta quinta-feira que já não se sente tão otimista sobre a adoção de uma resolução ainda nos próximos dias, mas afirmou ver "progresso real". O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, tem esperanças de chegar a alguma solução até sexta-feira. Caso isso não ocorra, ele disse, diplomatas norte-americanos em Washington e Nova York trabalharão durante o final de semana, se necessário, para chegar a algum resultado. "Estamos trabalhando urgentemente para trazer um fim às batalhas de um modo que seja estável e durável", frisou McCormack. O primeiro-ministro britânico Tony Blair também afirmou que espera ver uma resolução "nos próximos dias", não apenas relacionada com a suspensão das hostilidades mas com um planejamento para evitar a repetição do conflito. Ele disse, em Londres, que essa deve ser apenas parte de um plano de duas fases, que deve ser seguido por negociações sobre uma força de estabilização internacional e a definição de seu comando. Desde que o conflito começou, em 12 de julho, o Conselho de Segurança da ONU falhou em tomar providências para um cessar-fogo, principalmente devido à oposição dos Estados Unidos, o maior aliado de Israel. Os EUA querem que qualquer cessar-fogo faça parte de um pacote de medidas simultâneas, incluindo o envio de uma grande força de paz e o desarmamento do Hezbollah. Já a França acredita que primeiro deve-se parar com os combates, fato que prepararia o terreno para uma paz a longo prazo com um grande apoio internacional. Os dois países têm de concordar com um plano que seja aprovado não só por Israel como pelo Líbano, cujo gabinete possui dois ministros do Hezbollah. O rei jordaniano Abdullah II, importante aliado dos Estados Unidos, avisou os EUA e Israel que o prolongamento das batalhas está enfraquecendo os árabes moderados e pode estimular o surgimento de novos grupos militantes em todo o Oriente Médio. A Confederação Islâmica, maior bloco de países muçulmanos do mundo, com 56 nações, exigiu um imediato cessar-fogo após um encontro emergencial nesta quinta-feira, na Malásia. Os líderes islâmicos declararam sua solidariedade para com o povo libanês "em sua legitima e heróica resistência contra a agressão israelense". O vice-ministro do Exterior russo, Alexander Saltanov, também "frisou a necessidade urgente de obter um imediato cessar-fogo" durante um encontro com o embaixador britânico, informou o Ministério do Exterior em um comunicado. Já o vice-secretário-geral das Nações Unidas, Mark Malloch, acredita que a melhor solução seria a tentativa de acabar com o conflito em pelo menos duas resoluções. Para ele, isso traria muito mais mobilidade para a diplomacia. Resolução A resolução inicial francesa foi divulgada no sábado. O novo plano pede um "fim imediato para as hostilidades" e expressa "muita preocupação em relação à crescente escalada das hostilidades no Líbano e em Israel". Além disso, reitera "a necessidade de se criar as condições para um cessar-fogo permanente e uma solução definitiva para a atual crise entre Israel e Líbano". Porém, essas condições são descritas detalhadamente e incluem: - Total respeito às soberania e integridade territorial de Israel e do Líbano; - Libertação dos dois soldados israelenses seqüestrados pelo Hezbollah; - Total respeito a uma zona protegida pela ONU entre o Líbano e Israel (a Linha Azul); - Implementação total de acordos israelenses e libaneses e de resoluções da ONU que incluem a exigência do desarmamento de todas as milícias no Líbano e a extensão da autoridade governamental libanesa, além do posicionamento de seu Exército em todo o sul do país, região atualmente controlada pelo Hezbollah; - Demarcação das fronteiras libanesas, incluindo a disputada área das fazendas Chebaa, que Israel capturou em 1967 durante a guerra árabe-israelense. O Líbano afirma que essa área lhe pertence, mas a ONU determina que o local é território sírio. Desse modo, Síria e Israel devem negociar a região; - Acordos de segurança para evitar o ressurgimento de hostilidades, incluindo uma zona tampão que iria da Linha Azul até o rio Litani. Apenas as forças de segurança libanesas e da ONU seriam permitidas na zona; - Ajuste do "caso dos prisioneiros libaneses detidos em Israel"; - Entrega às Nações Unidas de mapas de minas terrestres colocadas no Líbano por Israel durante o período de sua ocupação. Assim que as hostilidades terminarem, a nova resolução deverá pedir ao Líbano que posicione suas tropas em todo o sul, ao longo da Linha Azul. A atual força da ONU no Líbano deverá, inicialmente, monitorar a implementação da resolução, mas uma força internacional mais robusta deve ser enviada para ajudar as forças libanesas na segurança e na implementação do cessar-fogo permanente.

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