BAMAKO, MALI - França e ONU afirmaram nesta quarta-feira, 4, que a tomada do norte do Mali pelos rebeldes tuaregues – facilitada pelo golpe de Estado que depôs o governo central no dia 22 – atende aos interesses da organização Al-Qaeda do Magreb Islâmico. Ainda hoje, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou a quartelada que retirou do poder o presidente Amadou Touré e o governo francês pediu à Argélia e a outros países da região ajuda para combater a ascensão dos terroristas.
O Movimento Nacional para a Libertação de Azawad (MNLA), grupo separatista de tuaregues que combateram na Líbia e, após voltar para o Mali, intensificaram a luta pela independência do norte malinês, anunciou na quarta a conclusão de suas "operações militares" na região.
"Após a libertação de todo o território de Azawad e levando em consideração os pedidos do Conselho de Segurança, dos EUA, da França e de Estados da região, o MNLA anuncia o fim unilateral das operações militares a partir de amanhã (quinta)", disseram os tuaregues em um comunicado publicado online.
Também na quarta, o capitão Amadou Sanogo, líder da junta militar golpista, desdenhou das sanções comerciais, diplomáticas e financeiras impostas pelas nações vizinhas a Mali e propôs uma convenção entre os partidos do país para a criação de um roteiro para o retorno de um governo civil malinês.
No entanto, 50 legendas políticas e organizações civis do Mali rejeitaram em conjunto, nesta quarta, o plano dos militares, afirmando que ele não produziria um governo legítimo. "A organização de uma convenção é contrária e incompatível com um retorno à ordem constitucional", afirmou a Frente para a Democracia e a República (FDR).
Sanogo afirmou que a principal razão para os militares terem tomado o poder seria o restabelecimento da segurança no norte do país – onde o MNLA vinha avançando antes do golpe –, mas os rebeldes separatistas da região foram beneficiados pelo vácuo político, que consolidou a tomada da região.
"Tememos que a Al-Qaeda do Magreb Islâmico aproveite-se da situação confusa e expanda seu perímetro de atividade e fortaleça a ameaça terrorista (no norte malinês)", afirmou na quarta o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Bernard Valero.
Com Reuters e Efe