França emenda Constituição para banir pena de morte

As duas casas do Parlamento se reuniram para uma sessão extraordinária em Versailles e passaram a medida, parte de uma revisão constitucional, por 828 a 26

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Por Agencia Estado
Atualização:

Parlamentares franceses inscreveram a proibição da pena de morte na Constituição no país nesta segunda-feira, 19, uma de três medidas previstas numa revisão constitucional. As duas casas do Parlamento se reuniram para uma sessão extraordinária no Palácio de Versailles e passaram a medida por 828 a 26. Já uma segunda emenda, garantindo imunidade ao chefe de Estado, mas criando a possibilidade de impeachment, passou por apenas 449 a 203, pouco acima da votação mínima necessária, de 392 votos. O presidente Jacques Chirac, que já foi alvo de investigações sobre financiamento ilegal de campanha, havia prometido uma lei nesse sentido, em 2002. A medida torna possível a abertura de processo de cassação por "quebra do dever manifestamente incompatível com o exercício do mandato" presidencial. A terceira medida, aprovada por 724 a 90, congela o processo eleitoral em Nova Caledônia. O departamento ultramarino vem sofrendo com distúrbios políticos, e o congelamento é visto como um meio de preservar a tranqüilidade. A revisão constitucional é vista como o último ato da presidência Chirac, antes do recesso e das eleições presidenciais de abril e maio. No entanto, alguns parlamentares encararam a sessão em Versailles - onde as mudanças constitucionais são votadas - como perda de tempo e dinheiro. Alguns deputados, notadamente os candidatos à Presidência Segolene Royal e Francois Bayrou, sequer apareceram. A despeito disso, as emoções falaram alto na votação para transformar a proibição da pena de morte, em vigor desde 1981, em norma constitucional. "Estamos cumprindo o desejo de Victor Hugo em 1848, a abolição pura, simples, irreversível", disse o ex-ministro da Justiça, Robert Badinter, um dos arquitetos da proibição instaurada nos anos 80.

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