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França exige que Irã suspenda o enriquecimento de urânio para negociar

Potências nucleares analisam resposta iraniana

Por Agencia Estado
Atualização:

A França insistiu nesta quarta-feira que o Irã deve suspender seu programa de enriquecimento de urânio caso realmente deseje reiniciar as negociações sobre seu programa nuclear. A exigência foi feita pelo ministro do Exterior francês, Philippe Douste-Blazy. Uma rejeição iraniana à exigência ocidental para que o país suspenda essas atividades no decorrer das negociações pode acirrar os debates no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) no fim do mês, mas não há garantias de que os Estados Unidos irão conseguir impor sanções contra Teerã. Nesta quarta-feira, diplomatas europeus, americanos, russos e chineses continuavam analisando a resposta iraniana a um pacote de incentivos oferecido pelas principais potências nucleares do planeta para que Teerã suspenda o enriquecimento de urânio. Poucos detalhes do texto entregue na terça-feira aos diplomatas dos países membros do Conselho de Segurança foram revelados, mas tudo indica que o Irã se recusou em acatar as exigências expressas no pacote de incentivos. Autoridades tanto da França como da Alemanha - dois dos países que endossaram um pacote de incentivos oferecidos a Teerã - disseram que a contraproposta iraniana é complexa e extensa, e exige tempo para ser analisada. Mas ao pedir que o Irã suspenda seu polêmico programa de enriquecimento de urânio, ambos os países deixaram claro que não estão satisfeitos com a resposta iraniana. Em seus comentários iniciais, Rússia e China deixaram claro que os EUA terão dificuldades se buscarem sanções imediatas contra o Irã. A França, porém, insistiu na suspensão das atividades iranianas de enriquecimento de urânio como condição prévia para negociações. O chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, explicou que a resposta iraniana é "longa" e precisa de "uma análise cuidadosa e detalhada". Em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, Douste-Blazy disse que a "porta continua aberta às negociações". O ministro francês disse também ter tomado nota de que o principal negociador iraniano, Ali Larinjani, está pronto para reiniciar as negociações com os países que propuseram o pacote de incentivos. "Eu quero deixar claro novamente que a França está pronta para negociar, e eu relembro que, como sempre dissemos - e como Larinjani sabe muito bem - um retorno à mesa de negociações está ligado à suspensão do programa de enriquecimento de urânio", disse Douste-Blazy. A França é tradicionalmente mais próxima do Irã do que a maioria dos demais países europeus, e um endurecimento de sua posição indica que a contraproposta iraniana dificilmente agradará os outros países ocidentais envolvidos nas negociações. Pacote de incentivos No início de junho, Alemanha, China, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Rússia ofereceram ao Irã um pacote de incentivos para que o país abandone as atividades de enriquecimento de urânio e receba em troca tecnologia avançada, reatores de pesquisa nuclear e a suspensão das sanções americanas. Na terça-feira, o governo iraniano respondeu à oferta e informou que estaria pronto para ingressar em "negociações sérias" a partir de hoje com base em uma "nova fórmula" apresentada às potências nucleares em sua resposta. Ainda não está claro se o Irã acatou ou rejeitou a exigência de suspender seu programa de enriquecimento de urânio durante as negociações, mas uma agência de notícias semi-oficial publicou que Teerã pretendia manter a atividade. O enriquecimento de urânio é um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o enriquecimento de urânio também pode resultar em material próprio para carregar ogivas atômicas. Os EUA acusam o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega e assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica.

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