França informa deserção de atirador na América do Norte

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Por Agencia Estado
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A França alertou a Interpol de que um desertor do Exército do país - conhecido por ser um bom atirador - está desaparecido na América do Norte, alimentando especulações de que ele estaria ligado aos crimes do franco-atirador que vem aterrorizando a região de Washington. O segundo-tenente, de 25 anos, não retornou às aulas em setembro último na academia militar de elite Saint-Cyr Coetquidan, na Bretanha, no oeste francês, após passar agosto em férias, viajando por Estados Unidos e Canadá, informaram militares franceses. O caso ganhou corpo quando a imprensa francesa publicou que colegas do militar viram semelhanças entre o segundo-tenente desaparecido e um esboço de retrato falado (não-oficial) do franco-atirador de Washington. O general Bruno Cuche, diretor da academia Saint-Cyr Coetquidan, negou que seus alunos tivessem reconhecido o militar desaparecido no retrato falado e que eles "ficaram chocados com o que leram na imprensa". O Ministério da Defesa francês informou às autoridades norte-americanas que pediu à Interpol, na semana passada, para localizar o oficial. A Interpol não comenta oficialmente casos sob investigação. O aluno recebeu autorização em agosto para visitar EUA e Canadá e, vencida a licença em setembro, não retornou à Saint-Cyr Coetquidan. O porta-voz do Ministério da Defesa, Jean-François Bereau, disse que não passa de "conjectura" uma possível relação entre o oficial e o franco-atirador. "Não temos nenhuma evidência que permita estabelecer um vínculo entre esta deserção e o caso de Washington." Suspeitos Os investigadores que trabalham no caso do misterioso atirador detiveram duas pessoas, mas, segundo fontes policiais, constatou-se que eles não tinham ligações com os crimes. De acordo com essas fontes, os dois detidos são um mexicano e um guatemalteco que estavam ilegalmente no país, e devem ser deportados. Os dois estavam numa van branca, apreendida durante a operação. O veículo, porém, era de uma marca diferente daquelas citadas pela polícia como sendo a do veículo visto próximo dos locais de alguns dos crimes - que seria um Chevrolet Astra ou um Ford Econoline. Os dois foram detidos às 8h45 locais perto de um posto de gasolina num subúrbio de Richmond e não resistiram à prisão. Quando foram cercados por agentes da força policial de elite SWAT, um deles estava telefonando numa cabine das proximidades. "Provavelmente, os dois estavam no lugar errado na hora errada", disse uma comentarista da rede de TV CNN. "As duas pessoas detidas estão sendo agora interrogadas em relação aos disparos do franco-atirador", disse a jornalistas o porta-voz da polícia do Condado de Hanover, Stuart Cook. "Continuamos investigando o caso e eles não são objeto de nenhuma acusação relacionada aos disparos." Pouco depois da detenção, a polícia confirmou que exames balísticos comprovaram que o disparo feito no sábado na frente de um restaurante em Richmond, que feriu gravemente um homem de 37 anos, consistia no 12º ataque do atirador. Entre as 12 vítimas, nove morreram. O autor dos disparos utiliza provavelmente um fuzil de longa distância e atinge suas vítimas com um único tiro. Mensagem misteriosa Como já havia feito no domingo à noite, o chefe de polícia do Condado de Montgomery, Charles Moose, voltou a lançar hoje uma mensagem enigmática a alguém vinculado aos ataques. "A mensagem não foi muito clara, telefone de novo para que possamos entendê-lo melhor", disse Moose. "A pessoa que você chamou não conseguiu ouvir tudo o que você disse. O áudio não estava bom." Também como fez no domingo, Moose recusou-se a explicar a nova mensagem - o que dá a entender que a polícia conseguiu abrir um canal de comunicação com o atirador ou com alguém que sabe quem ele é. Segundo se compreendeu da declaração de Moose no domingo, uma mensagem foi deixada perto do local onde ocorreu o ataque de sábado. O chefe de polícia enviou por meio dos jornalistas no domingo um apelo para que o autor dessa mensagem entrasse em contato com as autoridades. "As palavras do chefe Moose farão sentido para a pessoa que deixou a mensagem", disse um assistente policial. Não ficou claro a forma como a mensagem foi enviada, nem há nenhuma indicação de seu conteúdo. Sem mencionar fontes, a rede de TV NBC disse que se tratava de uma nota escrita, deixada num bosque perto do restaurante Ponderosa, "muito extensa" e "com ameaças precisas". O atirador normalmente ataca pessoas em áreas abertas, como estacionamentos e postos de gasolina. A última vítima estava hoje consciente, mas seu estado era considerado crítico.

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