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França investiga hackers do EI e amplia proteção na internet

Ataque cibernético contra a rede TV5 Monde, que transmite para 200 países, deixou emissora fora do ar por sete horas; governo põe serviços secretos na caça aos agressores

Por Andrei Netto
Atualização:

 PARIS - O Ministério do Interior da França anunciou nesta quinta-feira, 9, a abertura de uma investigação internacional sobre o ciberataque sofrido pela rede TV5 Monde, que tirou a emissora fora do ar por 7 horas. No final da noite de quarta-feira, um grupo de hackers autodenominado CyberCaliphate invadiu os servidores da empresa, sua página web e contas em redes sociais como Facebook e Twitter. O ataque foi definido pelo Palácio do Eliseu como um ato terrorista.

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Depois de incluir programas pré-gravados na grade, a emissora só recuperou sua programação normal no final da tarde de ontem, 20 horas após o início do ataque. No intervalo, telas de TV em mais de 200 países ficaram negras, e estúdios, vazios. "Nós não recebemos nenhuma ameaça prévia, e não temos nenhuma convicção hoje sobre a origem do ataque", afirmou o diretor da emissora, Yves Bigot. "Estamos em contato com organismos que vão trabalhar na autentificação da origem dessas mensagens."

Desde o início da manhã, ministros do Interior, das Relações Exteriores e da Cultura se reuniram na emissora para denunciar um "ataque inaceitável contra a liberdade de expressão e de informação", segundo o primeiro-ministro, Manuel Valls. 

Jihadistas do EI 'desfilam' em veículo militar iraquiano Foto: Arquivo/AP

A definição foi feita com base nas imagens que os hackers colocaram no lugar da programação, com mensagens de ameaça à França e enaltecendo o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua na Síria e no Iraque. Entre slogans como "Je suIS IS" - referência ao slogan de apoio ao jornal satírico Charlie Hebdo -, os hackers publicaram imagens de carteiras de identidade de soldados franceses, ameaçando-os. "O CyberCaliphate está buscando as famílias de militares que se venderam aos americanos", dizia um texto publicado na página de TV5 Monde no Facebook. 

Os agressores acusaram ainda o presidente da França, François Hollande, de ser o responsável por combater o Estado Islâmico no exterior. "É por isso que os franceses receberam o presente de janeiro em Charlie Hebdo e no supermercado Hyper Cacher", afirmaram os hackers, referindo-se aos atentados contra a imprensa e contra um comércio judeu em Paris em 7 e 9 de janeiro.

Segundo o chanceler francês, Laurent Fabius, o objetivo da investigação em curso é "encontrar os autores e puni-los", com apoio de órgãos dos serviços secretos da Agência Nacional de Segurança de Sistemas de Informação (Anssi), da Direção Geral de Segurança Interior (DGSI) e da Sub-Direção Antiterrorista.

Além do Ministério do Interior, o Ministério Público de Paris abriu uma investigação para tentar identificar a origem do grupo de hackers. Mas a missão, segundo especialistas em segurança em informática, será das mais duras. Segundo eles, a ênfase deve ser dada em proteção a sistemas digitais e redes sociais de veículos de comunicação, entre emissoras de TV, rádios e jornais da França. Ao jornal Le Parisien, Daniel Martin, fundador do Instituto Internacional de Altos Estudos de Cibercriminalidade, afirmou que o ataque a TV5 Monde deve servir de exemplo para outros veículos de imprensa e de audiovisual no mundo todo. "O retorno de experiência do ataque a TV5 será determinante: ele nos permitirá compreender o caminho dos hackers e de nos adaptar", entende.

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