PUBLICIDADE

França pede à Colômbia que deixe Chávez negociar com as Farc

Por FRANÇOIS MUR
Atualização:

A França pediu ao governo colombiano na quinta-feira que voltasse atrás na decisão de suspender as negociações entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e um grupo guerrilheiro da Colômbia. As negociações tentavam garantir a libertação de vários reféns, entre os quais uma cidadã francesa. Na quarta-feira, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, acusou Chávez de exceder o mandato dele ao tentar mediar a libertação das pessoas mantidas reféns pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Uribe, então, suspendeu o processo. Um dia antes, Chávez havia conversado em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a respeito dos esforços para libertar a cidadã franco-colombiana Ingrid Betancourt, sequestrada pelas Farc em 2002. "Continuamos a acreditar que o presidente Chávez representa nossa melhor chance de garantir a libertação de Ingrid Betancourt e de todos os outros reféns mantidos atualmente em poder das Farc na Colômbia", afirmou em entrevista coletiva David Martinon, porta-voz de Sarkozy. A guerrilha, que custeia suas atividades também por meio do tráfico de cocaína, mantém reféns dezenas de pessoas de destaque, entre as quais três norte-americanos, policiais, ex-membros do Congresso e ex-governadores de Departamento. Os reféns ficariam em acampamentos secretos localizados em áreas de vegetação densa. "Reiteramos nosso apoio à mediação realizada por Chávez e esperamos que o diálogo entre o presidente Uribe e o presidente Chávez possa ser retomado", afirmou Martinon. Chávez, um líder esquerdista afeito a declarações polêmicas, foi convidado em agosto por Uribe, um político conservador, para mediar as negociações que tentam convencer as Farc a trocarem os reféns por guerrilheiros mantidos nas prisões colombianas. O presidente venezuelano conversou na quarta-feira com o chefe das Forças Armadas da Colômbia, Mario Montoya, e pediu maiores informações sobre os reféns, disse Uribe em um comunicado. Isso violaria um acordo segundo o qual apenas Uribe e Chávez conversariam sobre os esforços de mediação do segundo, afirmou o comunicado. O comitê apoio a Betancourt, que inclui parentes dela e cuja sede fica em Paris, afirmou em um outro comunicado divulgado na quinta-feira que tinha "confiança total" em Chávez e pediu a Sarkozy que interviesse. O presidente venezuelano esperava levar a Sarkozy alguma prova de que Betancourt continua viva. Mas, ao invés disso, recebeu uma carta de Manuel Marulanda, um dos comandantes das Farc, prometendo comprovar até o final do ano que todos os reféns continuam vivos. Não há notícias de Betancourt desde 2003. "O encontro que o presidente manteve com Chávez em Paris foi certamente incompleto, insatisfatório, porque não recebemos nenhuma prova de que ela está viva", disse Martinon. "Mas, de toda forma, houve progressos, mensagens importantes foram trocadas." O embaixador da França na Colômbia regressará a Bogotá vindo de Paris nos próximos dias a fim de entregar uma carta de Sarkozy a Uribe, afirmou o porta-voz do presidente francês. (Reportagem adicional de Kerstin Gehmlich e James Mackenzie)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.