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França pede aos EUA provas concretas contra o Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

A França, por meio de seu chanceler, Dominique de Villepin, decidiu solicitar aos EUA provas concretas de que o Iraque possui armas de destruição em massa. Depois de visitar 130 locais durante as últimas seis semanas, os inspetores da ONU não encontraram nada de determinante, apesar de as respostas iraquianas em seu relatório não terem sido inteiramente satisfatórias, informou o chefe dos inspetores da ONU, o sueco Hans Blix, ao Conselho de Segurança (CS) da organização, que desde 1º de janeiro está sendo presidido pela França. Outros países que são membros permanentes do CS, Rússia e China, também parecem dispostos a exigir provas antes de a ONU avaliar qualquer campanha militar contra o Iraque. Agora, é maior a pressão sobre os Estados Unidos, que devem apresentar provas a seus aliados sobre o armamento iraquiano. Numa carta enviada aos países membros do Conselho, o chanceler francês solicita "que todas as informações disponíveis sejam imediatamente transmitidas", pois só isso permitirá ao Conselho apreciar "a realidade dos fatos". Villepin defende também, se for o caso, um prazo mais amplo para os inspetores continuarem seu trabalho no Iraque. Apesar disso, a França continua mantendo uma posição ambígua. Apenas dois dias após o presidente Jacques Chirac ter advertido os militares franceses para que se preparem para qualquer eventualidade, hoje, novamente durante uma cerimônia de confraternização com a imprensa, o chefe de Estado assumiu uma atitude bem mais pacifista e crítica aos americanos ao afirmar: "O recurso à força constitui sempre uma constatação de fracasso. Essa seria a pior das soluções." Uma pesquisa da empresa Ipsos publicada hoje pelo jornal Le Figaro revela que 77% da população francesa é contrária à deflagração de uma guerra contra o Iraque. Outras pesquisas indicam que também a opinião pública em países da União Européia, especialmente na Alemanha e mesmo na Inglaterra - cujo governo está engajado ao lado dos americanos -, são contra a opção pela guerra. O mesmo ocorreu antes da Guerra do Golfo, apesar da invasão do Kuwait, mas a opinião pública mudou de lado no momento em que o conflito foi deflagrado. Ao mesmo tempo, Villepin repetiu que qualquer recurso à força só é admissível com a aprovação do Conselho de Segurança. Os Estados Unidos, entretanto, não parecem dispostos a aumentar os prazos de inspeção - como desejam a França e outros países. O prazo final para a apresentação do relatório é o dia 27. Os EUA tampouco se mostram inclinados a apresentar provas, como solicitam a França e outros países. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, não aceita essa hipótese, explicando que "o presidente (George W.) Bush não diria o que disse se o governo não possuísse as provas de que esses programas de armas (de destruição em massa) existem no Iraque".

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