PUBLICIDADE

França prende 'tesoureiro' do genocídio de Ruanda 

Félicien Kabuga, de 84 anos, é acusado de ter criado as milícias Interahamwe, o principal braço armado do genocídio de 1994 que causou 800 mil mortes, segundo a ONU

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

PARIS - Considerado o "tesoureiro do genocídio de Ruanda" e um dos principais réus ainda procurados pela Justiça internacional, Félicien Kabuga foi preso perto de Paris, neste sábado, 16, segundo anunciaram em nota conjunta a Promotoria e a Gendarmeria. Aos 84 anos, ele vivia nos arredores da capital francesa com uma identidade falsa.

Kabuga é acusado de ter criado as milícias Interahamwe, o principal braço armado do genocídio de 1994 que causou 800 mil mortes, segundo a ONU. 

Página da Interpol com o perfil de Félicien Kabuga como procurado Foto: EFE/EPA/Handout

PUBLICIDADE

Kabuga é alvo de um mandado de prisão por parte do Mecanismo para Tribunais Penais Internacionais (MTPI), a estrutura encarregada de concluir os trabalhos do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR).

Segundo o comunicado das autoridades francesas, ele estava entre os "fugitivos mais procurados do mundo".

Sua detenção mostra que "os responsáveis pelo genocídio podem ser responsabilizados, mesmo 26 anos após seus crimes", disse o promotor do MTPI, Serge Brammertz, em um comunicado.

Vista geral do prédio onde Félicien Kabuga foi capturado, nos arredores de Paris Foto: François Guillot/AFP

Em 1994, Félicien Kabuga fazia parte do grupo próximo ao presidente ruandês, Juvénal Habyarimana, cujo assassinato em 6 de abril de 1994 provocaria o genocídio. Uma das filhas de Kabuga era casada com um filho de Habyarimana.

Kabuga presidiu a Rádio Televisão Free Thousand Hills (RTLM), que transmitia chamadas para assassinar os tutsis, e o Fundo de Defesa Nacional (FDN), que coletava "fundos" para financiar a logística e as armas dos milicianos hutus Interahamwe, de acordo com a ata de acusação do TPIR.

Publicidade

Depois de ser entregue às autoridades judiciais, Kabuga passará por um processo de extradição diante de uma câmara do Tribunal de Apelações de Paris. Esse órgão decidirá sua entrega ao MTPI em Haia para julgamento./AFP 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.