A partir desta quinta-feira, o fumo está totalmente proibido em escolas, hospitais e centros de jovens da França. A proibição será ampliada a partir de 1º de janeiro de 2008, passando a incluir bares, restaurantes e ambientes de trabalho. Os fumantes podem ser multados em 65 euros e os administradores do local em 135 euros por descumprir a proibição. Mas não há sinais de uma revolta generalizada. A maioria da população, no entanto, é favorável a medida. De acordo com as últimas pesquisas, 70% dos franceses aprovam a proibição de fumar em locais públicos. Como muitos escritórios e prédios públicos já proibiam o fumo por conta própria, a mudança de quinta-feira não foi tão revolucionária, mas o governo espera que ela ajude a reduzir o número estimado de 5.000 mortes anuais em decorrência do fumo passivo e de 60 mil mortes causadas pelo hábito de fumar por ano na França. A medida francesa segue o exemplo de Irlanda, Itália e Suécia. A Comissão Européia já pediu a todos os 27 integrantes da UE que adotem proibições abrangentes, mas ainda não se sabe ao certo quando os efeitos dessas providências começarão a aparecer. O caso de amor dos franceses com o cigarro é antigo, e as duas principais marcas de cigarro francesas, a Gauloises e a Gitanes, ganharam um status cultural comparável ao das baguetes e do vinho tinto, o que torna difícil imaginar uma França sem fumantes. Mas dá para sentir a mudança no ar, apesar da forte oposição dos donos de cafés, que temem que o ritual matutino de tomar um café e fumar um cigarro acabe extinto quando a proibição for estendida a bares e restaurantes, no ano que vem. "No começo todo mundo reclama, mas no fim acaba aceitando", disse Nathalie Geuhennec, colega de Voiner, que contou já ter comprado um adesivo de nicotina para tentar o abandonar hábito -- embora tivesse esquecido de colocá-lo. "Não vejo nenhum problema", disse Miguel Balthasar, que trabalha no Hotel du Louvre, no centro de Paris, e que fumava seu cigarrinho da manhã na calçada. "A maioria de meus colegas não fuma, então é justo para com eles", afirmou. "Acho que vou acabar fumando menos por causa dessa lei, mas não vou parar de vez. Por que pararia?" "Na verdade não é tão ruim", disse Corine Voinier, uma parisiense que fumava na frente do prédio em que trabalha. "É uma oportunidade para pelo menos diminuir um pouco."