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França questiona necessidade de nova resolução sobre o Líbano

Segundo Prodi, uma segunda resolução permitiria "uma definição mais clara do mandato das tropas e dos aliados"

Por Agencia Estado
Atualização:

A França questionou nesta segunda-feira, 21, a necessidade de uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU para especificar as funções da força de paz no Líbano, como querem os Estados Unidos. "A França não está trabalhando em outra resolução", afirmaram fontes da missão francesa na ONU, em resposta ao anúncio de que os EUA estão preparando um projeto de resolução para especificar as regras de atuação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul). "Haverá outra resolução na ONU, dando mais instruções à força multinacional. Mas o primeiro a ser feito é esclarecer as regras de operação", disse Bush. O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, foi mais explícito e afirmou que a resolução contemplaria o desarmamento da guerrilha libanesa Hezbollah, questão que não foi abordada com profundidade na resolução 1701, aprovada em 11 de agosto para pôr fim às hostilidades entre essas milícias e Israel. Os franceses alegam que uma nova resolução seria muito arriscada, além de atrasar o envio de tropas ao Líbano. "Uma resolução de caráter político, que implique o desarmamento das milícias do Hezbollah é muito prematura", afirmaram. A ONU prevê que o primeiro contingente da Finul, composto por 3.500 soldados, chegue ao país nos próximos dez dias. Em primeiro lugar, informaram as fontes francesas, é necessário o posicionamento do Exército libanês, o reforço da Finul e a retirada de Israel. É preciso ainda esperar pelas propostas apresentadas pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sobre a implementação das resoluções 1559 e 1680. A primeira resolução exige que o Governo libanês estenda sua autoridade a todo o país e desarme as milícias que operam em seu território, enquanto a segunda faz referência ao traçado das fronteiras internacionais do Líbano. EUA e França trabalharam conjuntamente para elaborar a resolução 1701 que tratava do fim das hostilidades e da retirada das tropas israelenses do sul do Líbano, e autorizava uma ampliação da Finul para 15 mil soldados. A França, assim como outros membros do Conselho de Segurança, considera que o desarmamento do Hisbolá deve ser feito mediante um processo político e a retomada do diálogo dentro do Líbano. Bolton, no entanto, disse que esta era simplesmente "uma das maneiras possíveis de fazê-lo", o que foi entendido como uma sugestão de que também existe a alternativa militar. Em declarações feitas em Roma, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, considerou conveniente a aprovação de uma segunda resolução no Conselho de Segurança. "Esta é uma missão complicada, e é necessário agir com toda a prudência", disse ele. Segundo Prodi, uma segunda resolução sobre as regras de enfrentamento permitiria "uma definição mais clara do mandato das tropas e dos aliados". O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, sugeriu que a Itália comande a Finul. A decisão final, no entanto, será tomada pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. A França se comprometeu a liderar a nova versão ampliada da Finul, mas a ONU e o Governo dos EUA se disseram decepcionados quando Paris ofereceu apenas 200 soldados para reforçar a força de paz, que se somariam aos 200 efetivos franceses que já estão no Líbano. Ao conversar com Annan por telefone, Prodi não especificou quantas tropas poderia enviar ao Líbano como parte integrante da Finul, mas voltou a confirmar a disposição do país em contribuir de "modo significativo".

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