
15 de agosto de 2016 | 20h27
A ameaça do terrorismo islâmico que pesa sobre a França não afastou católicos de todo o mundo que celebraram nesta segunda-feira, 15, no Santuário de Lourdes, no sul do país, o dia de Assunção. Mais de 22 mil fiéis assistiram à principal missa campal, objeto de preocupação das autoridades.
Três semanas após o assassinato do padre Jacques Hamel, nas imediações de Rouen, e um mês depois do atentado de Nice, que deixou 85 mortos, o Ministério do Interior dobrou o número usual de policiais, militares e agentes do serviço secreto.
Como os atentados anteriores, em janeiro e novembro de 2015, os dois crimes foram cometidos por extremistas em nome do Estado Islâmico. Mais de 500 agentes foram mobilizados para a mais importante festa católica do país, a de Nossa Senhora de Lourdes. Para o padre Fabien Lejeusne, diretor da peregrinação nacional de Assunção, a ameaça só reforça a fé dos católicos que realizam o trajeto.
“Nós o fazemos hoje com um fervor particular, no momento em que nosso país é atingido pela violência cega do terrorismo, em que o corpo que nós formamos juntos está mutilado e ferido”, disse. “Houve uma onda de inscrições para a peregrinação. Os católicos reagiram se inscrevendo. Foi um ato militante.”
A ameaça terrorista também foi tema da missa principal, “pela paz” e “pela França”. “Sejamos calmos, rezemos pela França, rezemos pelo mundo e comunguemos com o padre Jacques Hamel”, afirmou o arcebispo de Notre-Dame, Patrick Jacquin.
Em Rouen, cidade abalada pelo assassinato do religioso no vilarejo vizinho de Saint-Étienne-du-Rouvray, uma missa especial foi celebrada em memória do padre Hamel. “A França atravessa provações, e nossa diocese também”, lembrou o arcebispo Dominique Lebrun.
De acordo com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a ostensividade das forças de ordem foi necessária para garantir a segurança dos visitantes. De acordo com o ministro, o risco de atentados permanece “extremamente elevado” no país, no momento em que a tensão inter-religiosa é crescente. Uma pesquisa realizada pelo instituto Ifop para o jornal Le Monde revelou no domingo que 45% dos católicos praticantes da França consideram o Islã uma ameaça. Há um ano, uma sondagem similar havia indicado que essa fatia era de 33%.
Em decorrência da desconfiança crescente entre católicos, o presidente da França, François Hollande, fará uma visita privada ao papa Francisco no Vaticano. De acordo com o comunicado divulgado hoje pelo Palácio do Eliseu, o encontro é em “decorrência dos eventos que ocorreram em Saint-Étienne-du-Rouvray”.
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