PARIS - O francês Alain Cocq, que sofre de uma doença incurável e quis morrer ao vivo pelo Facebook, aceitou voltar a se alimentar. “Já não conseguia mais levar essa luta”, disse Cocq, de 57 anos, no Hospital Universitário de Dijon, onde foi admitido na segunda-feira, 7, após quatro dias de interrupção do tratamento e alimentação. Ele disse que poderia voltar para casa “em 7 a 10 dias”. “O tempo para me recuperar um pouco e montar uma equipe de hospitalização em casa”, afirmou.
O ativista do direito de morrer com dignidade, que tem uma doença extremamente rara que obstrui suas artérias e lhe causa um sofrimento intenso, havia suspendido todo tratamento e alimentação na noite da última sexta-feira, 4.
Acamado e sofrendo o martírio da doença que o consome há anos, ele recorreu ao presidente Emmanuel Macron, pedindo-lhe que o ajudasse a morrer e autorizasse um suicídio assistido. Macron, porém, disse que não poderia violar a lei. O Facebook também bloqueou no sábado a transmissão ao vivo da conta de Cocq, alegando que suas regras “não permitem a representação de tentativas de suicídio”.
“Na noite de segunda-feira, Cocq sofreu muito e foi internado”, explicou Sophie Medjeberg, advogada e vice-presidente de uma associação que o apoia na luta pela eutanásia. “Alain está melhor. A luta continua, mas de outra forma”, disse Medjeberg.
A eutanásia ativa, ou o suicídio ativo, são proibidos na França. Uma lei de 2016 autoriza somente a sedação profunda para pessoas que se encontram a poucas horas de uma morte certa. / AFP