Franco-atirador deixa "cartão de visitas" e provoca policiais

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Por Agencia Estado
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O misterioso franco-atirador que está aterrorizando os subúrbios do Estado norte-americano de Maryland provocou a ira da polícia ao deixar seu "cartão de visitas" - uma carta de tarô com a figura da Morte - com a frase "caro policial, eu sou Deus" inscrita. A carta foi encontrada no chão, a cerca de 150 metros da escola Benjamin Tasker, na cidade de Bowie, onde o atirador fez sua sétima vítima: um garoto de 13 anos. Uma mulher que dirigia numa estrada perto do bosque foi detida por suspeita de ter deixado a carta. Não se revelaram nome nem idade da mulher, que seria submetida a interrogatório na noite desta quarta-feira. O franco-atirador, que, segundo o primeiro perfil, é um homem branco com idade entre 20 e 30 anos, matou em uma semana seis pessoas e feriu outras duas. O chefe de polícia do condado de Montgomery, Charles Moose, reagiu furioso à notícia. Pediu aos jornalistas locais, que passam horas a discutir o assunto em intermináveis mesas-redondas nas tevês e emissoras de rádio, que "atuem com responsabilidade" no caso: "É inadequado fazer comentários sobre esta carta, já que não autorizei a divulgação de nenhum dado da investigação", afirmou. Moose justificou sua posição dizendo que "não colocaria a vida de pessoas em risco para que outros se deleitem com declarações saborosas". E disse estar desapontado com sua própria equipe. "Gostaria de achar que qualquer coisa sobre a investigação passaria por mim e só seria divulgada por mim", declarou. "Alguém desta equipe, alguém da comunidade policial fez algo que acredito ser inadequado. Isso indica que não tenho controle sobre minha equipe." Sem pistas para oferecer às famílias das vítimas e sem conselhos a dar à população, o policial e sua equipe vêm sofrendo enorme pressão. Moose chegou a pedir ajuda da Casa Branca para as buscas. Mas não é apenas a polícia que vem sendo criticada. Autoridades, como o governador de Maryland, Parris Glendening, e o prefeito de Washington, Anthony Williams, que qualificaram como covarde a série de assassinatos, vêm sendo duramente criticados por especialistas. "Chamar o assassino de covarde é a maneira de querer provocar uma reação de sua parte, com a esperança de pegá-lo, mas se trata de uma tática muito perigosa e pouco recomendável", declarou o psiquiatra Michael McGrath. "Insultar só vai estimulá-lo a voltar a agir", completou o médico forense Brent Turvey. "São declarações de alto conteúdo emocional, e creio que é completamente irresponsável provocar um assassino a entrar em ação." O nervosismo dos habitantes dos subúrbios de Maryland é visível. As ruas estão mais vazias, bem como alguns locais públicos. Nas escolas, fortemente policiadas, os alunos foram proibidos de ficar nos pátios - apesar do forte calor do outono norte-americano. Aulas ao ar livre foram suspensas, e os pais estão sendo aconselhados a levar e buscar seus filhos nas instituições de ensino. Desde o dia 2 de outubro, o franco-atirador matou cinco pessoas e feriu uma em Maryland, um subúrbio de Washington, matou outra pessoa na capital norte-americana e feriu uma sexta em Fredericksburg, Virgínia, cerca de 130 quilômetros ao sul do local onde ocorreram os outros disparos. Todas as vítimas foram atingidas por uma única bala saída de um rifle de alta precisão. O franco-atirador parece escolher suas vítimas ao acaso. As pessoas atingidas possuem idades entre 13 e 72 anos. As autoridades ofereceram recompensa de US$ 237 mil por informações que levem à prisão do responsável pelos ataques.

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