Franco-atirador transforma Washington na capital do medo

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Por Agencia Estado
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O assassinato de um motorista de ônibus com um tiro no peito, hoje, em Silver Spring, Maryland, elevou a 13 o número de vítimas nos ataques de um franco-atirador iniciados no último dia 2, e que transformaram a região metropolitana mais bem guardada do mundo na capital do medo. Das 13 vítimas do franco-atirador, 10 morreram e três sofreram ferimentos graves. Horas depois do ataque, a polícia do condado de Montgomery informou ter recebido uma mensagem, no fim de semana, com a seguinte advertência: "Nenhuma criança está a salvo, em qualquer lugar ou a qualquer hora." Conrad Johnson, de 35 anos, pai de dois filhos, foi atingido por volta de 6h locais de hoje, quando estava no degrau superior de seu ônibus, à espera da confirmação da rota para começar mais um dia de trabalho. A polícia determinou que o tiro partiu de uma área arborizada contígua ao estacionamento do ônibus do serviço Ride On, conduzido por Johnson, que complementa o sistema de metrô de Washington. Em poucos minutos, a polícia de Montgomery iniciou uma ampla operação de busca, com apoio de agentes estaduais e federais. Grandes avenidas foram fechadas e helicópteros e cães rastreadores entraram em ação. Mas o único resultado foi um enorme congestionamento. O autor do crime desapareceu sem deixar rastro. Embora não haja nenhuma prova de que o novo ataque esteja relacionado com os anteriores, essa é a hipótese com a qual as autoridades locais trabalham. O crime de hoje é idêntico aos anteriores em pelos menos três aspectos. A exemplo de todas as outras vítimas, Johnson foi alvo de um único disparo. Os exames de balística determinarão se a bala é a mesma que foi usada nos ataques anteriores: calibre .223, de alta velocidade, usada em vários tipos de rifles automáticos. No momento em que foram atingidas, as vítimas faziam coisas corriqueiras, como pôr gasolina no carro, ir à escola, cortar a grama, colocar as compras no carro ou chegar ao trabalho. Sem exceção, os ataques aconteceram em lugares relativamente isolados, que provavelmente foram escolhidos porque facilitaram a fuga do atacante. O assassinato de Johnson tem outra característica importante. Se foi cometido pela mesma pessoa responsável pelos ataques anteriores, o assassinato de hoje o trouxe de volta à região onde ele iniciou a onda de mortes, há quase três semanas. "Não temos como garantir a segurança de ninguém, independentemente de idade, sexo ou cor nesta situação", disse, com frustração, o chefe da polícia de Montgomery, Charles Moose. Moose pediu à população de Montgomery para não alterar a rotina, mas manter os olhos abertos e reportar à polícia "coisas que estejam fora do lugar ou situações que levantem suspeitas". Os residentes da região, que tem uma baixa taxa de criminalidade, não parecem dispostos a seguir o conselho do chefe da polícia. As ruas de Silver Spring, Bethesda, Gaithersburg, Rockville e de outras cidades do condado de Montgomey estavam hoje com movimento visivelmente reduzido. Em Washington e em toda a região metropolitana, as atividades esportivas em locais públicos continuarão suspensas até segunda ordem. Amanhã, centenas de milhares de estudantes de todos os níveis começam a quarta semana sob o "código azul", que as mantêm dentro das escolas, sem recreio em áreas externas. Segundo a rede de tevê CNN, uma mensagem de duas páginas à polícia, deixada num restaurante em Ashland, Virginia, onde aconteceu o ataque anterior, conteria uma exigência de dinheiro. A polícia não fez nenhum comentário nem esclareceu se ela estaria vinculada à mensagem recebida hoje, que foi descrita como um "post-scriptum" da mensagem inicial. A ameaça contra as crianças estava prestes a transformar a ansiedade em pânico, e muitos pais debatiam se enviarão os filhos à escola amanhã. As escolas têm policiamento reforçado desde o início dos ataques.

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