Fraude nas eleições presidenciais não foi massificada, diz Karzai

Para presidente, imprensa exagerou no relato de irregularidades, mas não rechaçou decisão de recontagem

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Por Efe e Reuters
Atualização:

O presidente Afeganistão, Hamid Karzai, desmentiu nesta quinta-feira, 17, que tenha existido uma fraude maciça nas eleições presidenciais de agosto, apesar de os observadores europeus calcularem que há 1,5 milhão de votos suspeitos.

 

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Em entrevista coletiva realizada em Cabul, Karzai comemorou seus resultados - obteve mais da metade dos votos -, mas especificou que será preciso esperar pela revisão e nova apuração da Comissão Eleitoral. "A fraude não foi tão ampla como disse a imprensa. Se existir, foi limitada", afirmou o atual presidente afegão.

 

A Comissão Eleitoral anunciou na quarta-feira os dados provisórios finais da apuração, segundo os quais Karzai obteve 54,6% dos votos, uma porcentagem que lhe permite ser reeleito sem necessidade de segundo turno.

 

O resultado só será oficializado depois de ser aprovado por uma Comissão de Queixas Eleitorais, apoiada pela ONU, que determinou uma recontagem de cerca de 10% das seções eleitorais, alegando haver "claras e convincentes evidências de fraude". A oficialização ainda pode demorar semanas ou meses, prolongando a incerteza política.

 

Segundo a missão de observadores da União Europeia (UE), que supervisionou o pleito, foram registrados 1,5 milhão de votos "suspeitos" de serem fraudulentos, 1,1 milhão deles favoráveis a Karzai.

 

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O atual presidente se disse "surpreso" com essa afirmação, mas, sem avaliá-la, optou por pedir respeito "sem interferências" para a tarefa das instituições afegãs e aguardar as conclusões das comissões. "Certamente, é preciso investigar de forma justa a fraude, caso tenha sido cometida", afirmou Karzai, durante seu comparecimento.

 

"Acredito firmemente, firmemente na integridade da eleição e na integridade do povo afegão, e na integridade do governo nesse processo," continuou, alegando que "como em outras eleições no mundo (...), houve problemas e sensibilidades nas eleições afegãs, mas elas não tiveram a extensão de que fala a mídia."

 

A recontagem de votos pode mudar o resultado das eleições, já que Karzai não conseguiria superar os 50% necessários para ser reeleito automaticamente, e deveria disputar um segundo turno com o segundo candidato mais votado, o ex-chanceler Abdullah Abdullah, que foi convidado para ocupar um cargo no governo, mas recusou a proposta.

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Segundo dados da Comissão Eleitoral, a participação nas eleições presidenciais - realizadas em 20 de agosto - foi de 38,7% do eleitorado, com um total de 5.662.758 votos emitidos. As autoridades ocidentais inicialmente elogiaram o pleito de agosto, que desmentiu os temores de que haveria ataques generalizados do Taleban. Desde então, porém, começaram a surgir dúvidas quanto à lisura do processo.

 

Na época da votação, os taleban pediram aos cidadãos que boicotassem o processo e empreenderam uma campanha de intimidação em massa, e Karzai reconheceu que o governo não foi capaz de garantir a segurança, o que não o impediu de qualificar o processo como um "sucesso".

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