Freira italiana é morta a tiros em hospital na Somália

Assassinato pode estar relacionado ao polêmico discurso do papa Bento XVI sobre a jihad (guerra santa), pronunciado na última terça-feira na Alemanha

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Por Agencia Estado
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Dois homens armados mataram uma feira italiana e seu guarda-costas na entrada de um hospital em Mogadiscio, capital da Somália. Especula-se que o assassinato tenha relação com o polêmico discurso do papa Bento XVI sobre a jihad (guerra santa), pronunciado na última terça-feira em Regensburg, na Alemanha. Irmã Leonella foi baleada quatro vezes nas costas quando entrava em hospital para mulheres e crianças em trabalhava, situado na violenta região norte de Mogadiscio. Uma pessoa foi presa, e buscas estavam sendo realizadas para encontrar um segundo home, informou o chefe da segurança da milícia islâmica que controla a cidade, Yusuf Mohamed Siad. Siad disse também que o assassinato pode estar relacionado às declarações do papa, mas afirmou não ter certeza de nada. "Eles (os dois homens que mataram a freira) poderiam estar incomodados com o discurso do papa, coisa que deixou furiosa toda a comunidade muçulmana ao redor do mundo", disse. O atentado aconteceu horas após um clérigo somaliano condenar a atitude do papa Bento XVI. "As palavras do papa foram não só erradas como irresponsáveis", disse o xeque Nor Barud. Várias testemunhas relacionaram o tiroteio deste domingo à recente controvérsia provocada pelo discurso do papa na última terça-feira, quando ele citou um texto medieval que chamava alguns dos ensinamentos do Profeta Maomé de "maus e desumanos". "Eu tenho certeza que os assassinos estavam furiosos com o discurso do papa", disse uma das muitas pessoas que presenciaram o incidente. Um porta-voz do Vaticano chamou o acontecimento de um "episódio horrível", segundo noticiou a agência Ansa. "Esperamos que seja um fato isolado", declarou o reverendo Federico Lombardi. Ele espera que o ódio que os muçulmanos estão sentido passe após o discurso feito pelo papa neste domingo. Em sua primeira aparição pública desde o desencadeamento da atual crise com a comunidade muçulmana, o pontífice lamentou a fúria gerada e disse estar "profundamente desgostoso". A freira falava somaliano fluentemente e tinha 65 anos. Ela trabalhava no hospital desde 2002, segundo funcionários do hospital, que quiseram permanecer anônimos, com medo de represálias. Como muitos estrangeiros, a freira costuma viajar pela Somália com um guarda-costas. O país, situado no chifre da África, vive em estado de anarquia desde que senhoras da guerra destituíram um ditador em 1991. Recentemente, fundamentalistas islâmicos tomaram o controle da capital e de porcos significativas do país, impondo regras restritas à população. Em junho, um renomado jornalista sueco foi brutalmente assassinado quando cobria protestos em Mogadiscio. O corpo de Leonella será enviado a Nairobi, no Quênia, antes de seguir para a Itália.

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